sábado, março 24, 2007

Sonhos...
Sonho com o dia em que o Poder e todos os seus homens de mão sejam vistos como o problema maior da Humanidade e não como a solução ou parte da solução dos problemas da Humanidade. O dia em que ninguém seja homem de mão do Poder e ele morra. Mas como há-de chegar esse dia se o Poder como anti-Deus que é criou um universo simbólico dentro do qual todos nos movemos e nos (in)comunicamos? É uma Babel que nos deixa a falar sozinhos mas o Poder chama-lhe Comunicação. Fomos criados criadores e irmãos em feminino e em masculino. Soprados para sermos Abel uns para os outros. Mas o sopro do Poder apodera-se de nós e o Abel que somos torna-nos Caim mentirosos e assassinos quanto ele e criadores de um Mundo de loucos. Houve um Homem nascido de mulher como os demais que preferiu viver em deserto o tempo todo a transformar-se num homem de mão do Poder. Acabou crucificado às suas mãos. Mas deixou a descoberto desde então que todo o Poder é assassino. Passaram-se os anos. Mil e outros mil desde que sucederam essas coisas e a Treva continua aí a cobrir a Mente dos homens. Muitos deles hoje mais parecem crianças grandes sedentos do Poder. Pensam-se salvadores como Abel. E são assassinos como Caim. Vestem uns de papa. Vestem outros de Primeiro Ministro e de Presidente da República. Tornam-se outros donos de bancos que juntam Dinheiro como areia das praias. Há quem aceite ser reitor de santuário rico e influente. Mas de Medo e Morte é o sopro de todos eles. Prefiro viver em deserto a vida inteira a frequentar os palácios e os manjares do Poder e dos seus homens de mão onde se conversam banalidades e se alimentam megalómanos projectos do tamanho dos seus vazios e das suas frustrações. É assim que sou fecundo. Não falta quem me acuse de subversão e de deslealdade. E me ameace com excomunhões e outros castigos sem nome. Não me perdoam que também eu revele que são Mentira e Homicídio o Poder e seus homens de mão. Nem assim deixo de ser discípulo de Jesus.

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