sexta-feira, março 16, 2007

Para que o mundo não esqueça


Esta fotografia, que tem 39 anos (foi tirada em 16 de Março de 1968), correu mundo. Tenho quase a certeza de a ter visto muitas vezes, não na RTP e nos jornais portugueses (era a censura prévia), mas nos dois canais da TVE e em vários jornais estrangeiros a que, nesses finais da década de sessenta, tinha o privilégio de ter acesso.

O masssacre de My Lai, fruto da loucura de um homem (e da dos seus comandantes e comandados), o tenente William Calley, revelou ao mundo, mais uma vez, aquilo que são as atrocidades da guerra, neste caso uma guerra internacional e eticamente condenável ( se é que há guerras eticamente aceitáveis), a Guerra do Vietname.

O massacre, que vitimou mais de cinco centenas de inocentes civis vietnamitas, na sua maioria mulheres e crianças (e mesmo bébés) foi levado a cabo pela Companhia Charlie , do 1º Batalhão do 20º Regimento de Infantaria da 11ª Brigada do Exército Americano.

O chefe dos carniceiros, o único a ser condenado, foi sentenciado a prisão perpétua em 1971 mas, poucos meses depois, Richard Nixon reduziu a pena para 20 anos. Por junto, acabou por cumprir apenas três anos e meio de prisão domiciliária e, desde 1974, vive tranquilamente na Geórgia.

A história da fotografia, da autoria de Ronald Haeberle, fotógrafo do Exército, não deixa de ser rocambolesca. Nas palavras de Camilla Griggers, professora de Comunicação Visual e Linguística na Universidade Estadual da Califórnia, em Channel Islands,

the Army photographer, Ronald Haeberle, assigned to Charlie Company on March 16th, 1968 had two cameras. One was an Army standard; one was his personal camera. The film on the Army owned camera, i.e., the official camera of the State, showed standard operations ­ that is, 'authorized' and 'official' operations including interrogating villagers and burning 'insurgent' huts. What the film on the personal camera showed, however, was different. When turned over to the press and Government by the photographer, those 'unofficial' photographs provided the grounds for a court martial. Haeberle's personal images (owned by himself and not the US Government) showed hundreds of villagers who had been killed by U.S. troops. More significantly, they showed that the dead were primarily women and children, including infants. These photographs exposed the fact that the 'insurgents' in popular discourse about Vietnam were actually unarmed civilians. The photos made visible to viewers that the 'enemy' in Vietnam was actually the indigenous Vietnamese population.

4 comentários:

Anónimo disse...

Se bem que não haverá guerras eticamente aceitáveis, poderá dizer-se que há guerras cujo o intuito se compreende!
Este não foi definitivamente o caso, sendo considerada uma das mais vergonhosas guerras! Mas a ver pelos ultimos acontecimentos, os USA não aprenderam....
Caso para dizer: History repeats itself!!!

Anónimo disse...

Esta guerra foi uma das maiores carnificinas do século XX.Horrivel.Reprovavel em todos os sentidos.
Os americanos perderam-na e bem perdida apesar de obviamente não o admitirem nem falarem nisso. Houve varias imagens que ajudaram e muito a que os E.U.A. fossem condenados pelos seus escrabrosos actos, uma delas é a que postou outra foi uma na televisão de um soldado americano a dar um tiro na cabeça a um prisioneiro vietnamita.
Enfim, horrivel.

Anónimo disse...

Bernardo, já para não falar da menina a correr por uma estrada com as costas a arder devido ao napalm
:(

GMaciel disse...

O mundo não esquece... mas também não aprende. Infelizmente!