domingo, agosto 30, 2009

Se Se és capaz de manter a tua calma quando Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa; De crer em ti quando estão todos duvidando, E para esses no entanto achar uma desculpa; Se és capaz de esperar sem te desesperares, Ou, enganada, não mentir ao mentiroso, Ou, sendo odiada, sempre ao ódio te esquivares, E não parecer boa demais, nem pretensiosa; Se és capaz de sonhar - sem aos sonhos te escravizares, Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires; Se encontrando a Desgraça e o Triunfo conseguires Tratar da mesma forma a esses dois impostores; Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas Em armadilhas as verdades que disseste, Ou as coisas por que deste a vida, estraçalhadas, E refazê-las com o bem pouco que te reste; Se és capaz de arriscar numa única parada Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida, E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada, Resignada, tornar ao ponto de partida; De forçar coração, nervos, músculos, tudo A dar seja o que for que neles ainda existe, E a persistir assim quando, exaustos, contudo Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!"; Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes E, entre reis, não perder a naturalidade, E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes, Se a todos podes ser de alguma utilidade, E se és capaz de dar, segundo por segundo, Ao mínimo fatal todo o valor e brilho, Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo, E - o que é mais - tu serás uma Mulher, ó minha filha! Rudayard Kipling Tradução de Guilherme de Almeida, ligeiramente adaptada por mim para a dedicar à minha filha, hoje.

sábado, agosto 29, 2009

Nuvem Gotas de suor da terra evaporadas ao calor, e ao soprar das ventanias, amarguras dos campos condensadas rumo dos céus, lá nas alturas frias! Para onde vais, fugindo assim às pressas, tu que és filha daqui? Não te comove o aspecto bruto, o horror medonho dessas regiões em que há seis meses que não chove? Peregrina, mimosa retirante, nômade filha do sertão agreste, pois é fado viver assim errante quem nasceu nessas bandas do Nordeste? Reclamam-te esses campos inditosos a umidade fecunda dos teus beijos na saudade dos rústicos festejos: águas de enchentes, roças e outros gozos. Nuvem - gases do vale, véus da serra - para onde vais, fugindo assim em bando? Filha rebelde e pródiga da terra, quando é que um dia hás de voltar chorando? O chão, o céu, os pássaros em coro, rios, açudes, tudo mais enfim, ressuscita à harmonia do teu choro. O próprio sol se ameiga ao ver-te assim. E cala o filho do sertão adusto, que desde o berço até à campa sofre a dor que lhe arranquei do peito angusto e aqui fica gemendo nessa estrofe: Ai! Para que plantar? Só para a mágoa de assistir o espetáculo tremendo de o que plantei aos poucos ir morrendo à fartura de sol e à mingua d'água? Nuvem, piedade! Ao menos com o manto de tuas sombras cobre os sertões nus para que o sol não queime a terra tanto e o homem não viva amaldiçoando a luz!... Cristiano Cartaxo* *poeta brasileiro

sexta-feira, agosto 28, 2009

A Nossa Falsa Verdade Uma vez que em boa verdade os homens apenas se interessam pela sua opinião própria, qualquer indivíduo que queira apresentar uma dada opinião trata de olhar para um lado e para o outro à procura de meios que lhe permitam dar força à posição, sua ou alheia, que defende. As pessoas servem-se da verdade quando ela lhes é útil, mas recorrem com retórica paixão à falsidade logo que se lhes depara o momento em que a podem usar para produzir a ilusão de um meio-argumento e dar assim, com uma manobra de diversão, a aparência de unificar aquilo que se apresenta como fragmentário. A princípio, quando me apercebia de tais situações, ficava incomodado, depois passei a ficar perturbado... Johann Wolfgang von Goethe, in "Máximas e Reflexões" A minha mulher não costuma fazer comentários acesos às notícias do telejornal, mas ontem quase explodiu quando ouviu uma senhora do passado falar de “politica de verdade” - e eu ri-me pensando no que iria postar hoje. Não tive tempo (e não tenho pachorra) para analisar em detalhe o “diz que era uma espécie de programa de governo” da dona Manuela. Mas da sua leitura cruzada ressaltou um conjunto de generalidades e a repetição obsessiva da palavra “verdade”, coisa que a candidata deve ter descoberto recentemente (pelo menos deve ter sido depois da venda dos anéis e da hipoteca do país ao Citigroup). Felizmente, lembrei-me de que passam hoje 260 anos sobre o nascimento de um grande pensador alemão, o que veio mesmo a talhe de foice.

quinta-feira, agosto 27, 2009

Detalhes Importantes da Governação Um sábio evita dizer ou fazer o que não sabe. Se os nomes não condizem com as coisas, há confusão de linguagem e as tarefas não se executam. Se as tarefas não se executam, o bem-estar e a harmonia são negligenciados. Sendo estes negligenciados, os suplícios e demais castigos não são proporcionais às faltas, o povo não sabe mais o que fazer. Um príncipe sábio dá às coisas os nomes adequados e cada coisa deve ser tratada segundo o significado do seu nome. Na escolha dos nomes deve-se estar muito atento. Confúcio, in 'Analectos' Tanta sabedoria há 2.500 anos e tanta falta dela, agora!

quarta-feira, agosto 26, 2009

Escravos governados por oligarcas Os estado-unidenses pensam que têm “liberdade e democracia” e que os políticos têm de prestar contas nas eleições. A verdade é que os Estados Unidos são governados por poderosos grupos de interesses que controlam os políticos através de donativos para as suas campanhas. Os nossos verdadeiros governantes são uma oligarquia de interesses financeiros e militares/de segurança e a AIPAC, que influencia a política externa dos Estados Unidos em benefício de Israel. Aperceber-se-ão os estado-unidenses de que não são governados pelos representantes eleitos mas sim por uma oligarquia que é dona do bordel de Washington? Aqueles que pensam que a afirmação e a pergunta acima foram feitas por algum anti-americano e anti-semita estão rotundamente enganados. Pertencem, como muitas outras pérolas, ao chamado pai da Reaganomics, Paul Craig Roberts, que foi Secretário Adjunto do Tesouro na administração Reagan, e podem ser lidas aqui. Ele lá deve saber do que fala.

terça-feira, agosto 25, 2009

SOLIDÃO As solidões caminham em espaços invisíveis, na corrosão do tempo, e se alojam como serpentes, ou em garras de abutre se aplumam vagarosamente... São milhares de solidões em cada alma, são milhares sem alma em cada solidão. Elas me passam em instantes, como nuvens eternas, na dupla solidão de uma vida que não se projeta em monólogos, pois em monólogos o tempo se esvai. Dilson Ribeiro* *poeta brasileiro

segunda-feira, agosto 24, 2009

“Liberdade” de votar
Corrupção, tráfico de droga, alianças com os senhores da guerra e com os clérigos fundamentalistas, leis iníquas, acusações de fraude generalizada, simulacro de “eleições” num país destroçado e desgovernado pelo senhor Hamid Karzai, numa pantomina sangrenta encenada para consumo da “opinião pública ocidental".

domingo, agosto 23, 2009

Noite As casas fecham as pálpebras das janelas e dormem. Todos os rumores são postos em surdina, todas as luzes se apagam. Há um grande aparato de câmara funerária na paisagem do mundo. Os homens ficam rígidos, tomam a posição horizontal e ensaiam o próprio cadáver. Cada leito é a maquete de um túmulo. Cada sono um ensaio de morte. No cemitério da treva tudo morre provisoriamente Menotti Del Picchia* *poeta paulista

sábado, agosto 22, 2009

Dupla bitola Abdelbaset Ali al-Megrahi, o líbio condenado a um mínimo de 27 anos de prisão por, alegadamente, ser responsável pela morte de 270 pessoas em 1988, quando uma bomba fez explodir o voo 103 da Pan Am sobre Lockerbie , na Escócia, foi libertado ao fim de 8 anos, por razões humanitárias. A decisão, tomada pelo governo escocês atendendo ao estado terminal do prisioneiro (com menos de 3 meses de vida), que sempre se declarou inocente (e voltou a fazê-lo à chegada a Tripoli), provocou um coro de indignados protestos do outro lado do Atlântico. Passaram 64 anos no início do corrente mês de Agosto sobre a decisão tomada por um assassino psicopata de fazer lançar sobre as indefesas cidades de Hiroshima e Nagazaki duas bombas atómicas que chacinaram mais de 200.000 pessoas. Os concidadãos das agora virgens ofendidas estado-unidenses aclamaram-no como herói mundial, reelegeram-no para a presidência do país e até o honraram há 13 anos dando o seu nome a um porta aviões nuclear. A nossa comunicação social chama terrorista a um homem que nega ter participado na destruição de um avião onde viajavam 270 pessoas inocentes e apelida de herói o homem que se vangloriou de ter mandado largar as duas bombas atómicas. Eu, como tenho mau feitio, não digo mais nada.

sexta-feira, agosto 21, 2009

Entre pedras, palavras... Que estupidez o sangue nas calçadas! O sangue fez-se para ter dois olhos, um lépido pé, um braço agente, uma industriosa mão tocante. Que estupidez o sangue entre as palavras! O sangue fez-se para outras flores menos fáceis de dizer que estas agora derramadas. Alexandre O´Neill

quarta-feira, agosto 19, 2009

Murmúrios Pousa num ramo um sopro de agonia dos que morrem (sem saber) em nosso coração. Suspira a noite no vento vadio. Amados mortos: tentais dizer o quanto amais ainda? Dora Ferreira da Silva* *poetisa paulista

terça-feira, agosto 18, 2009

Redacção Eu gosto muito da perplexidade, que é o estado em que se encontra pelo menos um assessor do palácio de Belém ao imaginar que tem o telefone sob escuta ou que algum colega anda a fazer queixinhas para o exterior. Perplexidade é mais ou menos o mesmo que estupefacção, embora seja uma palavra de maior requinte. Enquanto um assessor estupefacto – o que também é corrente para os lados da praça do império – é alguém feito estúpido, mais ou menos como um boi a olhar para um palácio, um assessor perplexo é uma espécie de “intelectual” anónimo acoitado sob o proteccionismo circunflexo da aparente fleuma presidencial e que vê o país como imagem reflectida por um espelho convexo. Devido aos efeitos secundários da tal convexidade do espelho, sai-se com queixas sem nexo que, no plexo da teia de mediocridade política que nos rodeia, criam um enorme complexo de insegurança, autêntico zingarelho que apenas aproveita aos feirantes que gostam de armar ao pingarelho. A perplexidade será apenas mero reflexo da aridez do chefe ou dever-se-á a um estado rebarbativo, típico dos eunucos, motivado por falta de sexo?

segunda-feira, agosto 17, 2009

A palavra Já não quero dicionários consultados em vão. Quero só a palavra que nunca estará neles nem se pode inventar. Que resumiria o mundo e o substituiria. Mais sol do que o sol, dentro da qual vivêssemos todos em comunhão, mudos, saboreando-a. Carlos Drummond de Andrade

domingo, agosto 16, 2009

Gripe A: fumo sem fogo? Nunca tinha ouvido falar de Jane Bürgermeister até há alguns dias, quando me deparei com este aviso. Aquilo que li levou-me a pôr em causa a credibilidade da jornalista, mas um pequena pesquisa revelou que ela, efectivamente, publicou 4 artigos na Nature, 33 artigos no British Medical Journal e 62 artigos na The Scientist. É claro que, mesmo assim, pode não passar de uma vendedora da banha da cobra, mas o apoio que tem recebido de outros jornalistas de investigação e também de médicos (este e este, pelo menos) não deixam de me fazer pensar. Ou será apenas mais uma mirabolante teoria da conspiração?

sábado, agosto 15, 2009

A propósito das Honduras La United Fruit Co. Cuando sonó la trompeta, estuvo todo preparado en la tierra, y Jehova repartió el mundo a Coca-Cola Inc., Anaconda, Ford Motors, y otras entidades: la Compañía Frutera Inc. se reservó lo más jugoso, la costa central de mi tierra, la dulce cintura de América. Bautizó de nuevo sus tierras como “Repúblicas Bananas,” y sobre los muertos dormidos, sobre los héroes inquietos que conquistaron la grandeza, la libertad y las banderas, estableció la ópera bufa: enajenó los albedríos regaló coronas de César, desenvainó la envidia, atrajo la dictadura de las moscas, moscas Trujillos, moscas Tachos, moscas Carías, moscas Martínez, moscas Ubico, moscas húmedas de sangre humilde y mermelada, moscas borrachas que zumban sobre las tumbas populares, moscas de circo, sabias moscas entendidas en tiranía. Entre las moscas sanguinarias la Frutera desembarca, arrasando el café y las frutas, en sus barcos que deslizaron como bandejas el tesoro de nuestras tierras sumergidas. Mientras tanto, por los abismos azucarados de los puertos, caían indios sepultados en el vapor de la mañana: un cuerpo rueda, una cosa sin nombre, un número caído, un racimo de fruta muerta derramada en el pudridero. Pablo Neruda - Canto General

sexta-feira, agosto 14, 2009

Indigentes e maledicentes As economias alemã e francesa registaram um crescimento de 0,3% no segundo trimestre e tal facto foi devidamente sublinhado por políticos e media europeus e de além Atlântico, com chamadas destacadas nas primeiras páginas. Por cá, a economia cresceu exactamente os mesmos 0,3% e os partidos da oposição à direita trataram de retirar qualquer importância ao facto. É o que acontece a quem tem Frasquilhos Feios às Portas do poder. Claro que a situação não é de molde a deitar foguetes e fazer festa da rija, mas o Leite azedo teria feito muito pior, disso não tenho dúvidas. Passando a um registo bastante diferente, tenho de confessar que gozei à brava com o desempenho do Francisco George na entrevista com a Judite de Sousa, depois do telejornal de ontem. Chamou-lhe incompetente e ignorante com uma pinta que até a minha mulher foi ver porque é que eu me estava a rir sozinho.
Nada é impossível de mudar Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar. Bertolt Brecht

quarta-feira, agosto 12, 2009

Ave poética Não tenho nada mais senão as asas. Quando subo os degraus do firmamento, É com elas que subo e que sustento O peso bruto desta incarnação. Asas de penas que me vão nascendo, E que voam depois, desconhecendo Que fúria azul as levantou do chão. Miguel Torga Poesia Completa I - D. Quixote 2007

terça-feira, agosto 11, 2009

Filho de peixe... Leio que marines veteranos da guerra do Iraque agora deslocados para o Afeganistão estão surpreendidos pela proficiência demonstrada pelos talibans e por estes utilizarem as mesmas tácticas aprendidas pelos fuzileiros na escola de infantaria. Tal espanto seria risível se não fosse trágico. Então não explicaram àquelas alminhas quem é que deu treino e armas aos mujahidins, a Osama e aos talibans? Como já diziam os latinos há mais de dois mil anos, qui gladio ferit, gladio perit (quem com ferro mata, com ferro morre), sementem ut feceris, ita metes (cada um colhe conforme semeia) ou qualis dominus, talis servus (tal amo, tal criado).

segunda-feira, agosto 10, 2009

Esboço Na tessitura do caos me reinvento, pois o modelo da infância é uma faca e a liberdade do corpo é uma rosa, ungida de paixão e de esperança. O que me dilacera é a certeza de que os deuses maduros são o nada, pois a liturgia do fogo nas aldravas é o meu desejo soprando contra a porta. A solidão do menino na parede, a vela acesa e a mira da espada, o rosto branco do morto em desalinho, os meus cavalos alados na mansarda. Dimas Macedo* *poeta brasileiro

domingo, agosto 09, 2009

Epitáfio
"Aqui jaz Raúl Solnado, bem contra a sua vontade"
(de acordo com a vontade do próprio, segundo acabo de ouvir)
Sepulcros caiados Um dos azorragues verbais com que o Nazareno gostava de zurzir os fariseus e escribas do seu templo era compará-los a sepulcros caiados, todos brancos e limpinhos por fora mas cheios de podridão por dentro. Foi essa comparação que me veio à memória ao ver a reacção da de alguns políticos à não recondução do conselheiro de estado João Lobo Antunes para a CNECV - 1 em 17 elementos, sublinhe-se -, para a qual tinha sido nomeado pelo governo de Durão Barroso. “Estupefacção”, declara o homem de Boliqueime, tapando a boca para não se engasgar no bolo rei; “faltaram à palavra”, clama o Rangel, rasgando a camisa e a gravata antes de mergulhar na piscina de Estrasburgo; “vingança mesquinha”, grita o feirante do Caldas exibindo o seu bronze; “mhmhmhm”, resmunga a cabelo à Marquês de Pombal da São Caetano. “Cambada de sacripantas”, diz o humilde contribuinte que acha que a CNEVC ainda está cheia de teias de aranha e que precisa de uma grande vassourada para cumprir a sua função sem interferências políticas e religiosas.

sábado, agosto 08, 2009

Descansa em paz Fez-nos rir quando era proibido sorrir. Fez-nos pensar, quando tentavam cortar-nos a raiz do pensamento. Foi posto de parte pelos que não sabem o que é a cultura de um povo. Descansa em paz, Raúl!

sexta-feira, agosto 07, 2009

Conspiração "O cãozinho rafeiro suspeita de que toda a gente conspira para lhe roubar o lugar." Rabindranath Tagore
Jogo perigoso Sopra um vento de mau cheiro dos lados do Cáucaso. Nas vésperas de se completar um ano - foi na madrugada de 7 para 8 de Agosto de 2008 - sobre o ataque militar em larga escala lançado pela Geórgia sobre a pequena cidade de Tskhinvali, capital da Ossétia do Sul, facto que motivou a resposta imediata da Rússia, o presidente georgiano Mikheil Saakashvili, que ordenou o ataque, tem-se desdobrado nos fóruns internacionais para vender a sua versão da alegada “agressão russa”. Depois de ontem ter escrito uma longa promoção dos seus pontos de vista no The Washington Post, foi hoje a vez de voltar à carga no Guardian. Quando existem relações bastante confortáveis entre os Estados Unidos, a União Europeia e a Rússia, imprescindíveis para evitar que Hiroshima e Nagazaki se repitam, com o ameaçado bombardeamento do Irão por parte de Israel, o que fará correr o homem de mão dos interesses da Nato no vespeiro do Cáucaso? Será uma mera coincidência que tenham estado elementos das IDF envolvidos no treino do exército georgiano, antes e depois da guerra de 2008?

quarta-feira, agosto 05, 2009

Abruptamente
De regresso após três semanas com escasso ou nulo acesso à internet e tendo como único contacto com a realidade política tuga os telejornais da RTP Internacional e da RTP1, verifico que se algo mudou foi para pior. Num acto de pavoneante mumismo, de supetão e à revelia das respectivas distritais, Miguel Relvas foi substituído pelo JPP na liderança da lista de Santarém, Pedro Passos Coelho foi saneado da lista de Vila Real e na de Lisboa foram incluídos dois elementos com processos judiciais em curso. Não que a minha preocupação com as listas laranja para as legislativas vá além de saber quem será propenso a asneirar menos no hemiciclo, mas quem assim corre com os adversários internos e apadrinha os devotos o que será capaz de fazer se for chefe de governo, mais a mais apadrinhada pelo homem do bolo rei? Imagem: Sucheta Das/AP

terça-feira, agosto 04, 2009

Ferrari versus Fiat Panda A secretária apercebe-se de que a braguilha do chefe está aberta e, para evitar constrangimentos, avisa-o de forma subtil: - Dr. Duarte, o senhor deixou a porta da sua garagem aberta. Percebendo rapidamente do que se tratava, ele fechou-a de imediato e, apreciando a criatividade da secretária, perguntou maliciosamente: - Dona Ana, por acaso a senhora viu o meu Ferrari vermelho? - Não senhor! Tudo o que eu vi foi um Fiat Panda antigo e desbotado, com os dois pneus traseiros totalmente em baixo!

segunda-feira, agosto 03, 2009

60 Anos Antes o dia continha seu próprio significado Hoje Miro coisas que não entendo - leis turvas E rostos ilegíveis - A vida Varre os domingos Para os jardins pretéritos O rumo se perdeu Na desordem das águas Por isto Meus ossos rangem À mutação das coisas e seu desígnio Cláudio Feldman* *poeta brasileiro

sábado, agosto 01, 2009

Sedução Dentro de mim mora o animal indômito e selvagem que talvez te faça mal talvez uma faísca relâmpago no olhar depressa como um susto me desmascare o rosto e de repente deixe exposto o meu pior em mim germina uma força perigosa que contamina uma paixão vulgar que corta o ar e que nenhum poder domina explode em mim uma liberdade que te fascina sopro de vida brilho que se descortina luz que cintila, lantejoula purpurina fugaz como um desejo talvez te mate talvez te salve o veneno do meu beijo. Bruna Lombardi