terça-feira, outubro 07, 2008

Não fui, na infância, como os outros e nunca vi como outros viam. Minhas paixões eu não podia tirar de fonte igual à deles; e era outra a origem da tristeza, e era outro o canto, que acordava o coração para a alegria. Tudo o que amei, amei sozinho. Assim, na minha infância, na alva da tormentosa vida, ergueu-se, no bem, no mal, de cada abismo, a encadear-me, o meu mistério. Veio dos rios, veio da fonte, da rubra escarpa da montanha, do sol, que todo me envolvia em outonais clarões dourados; e dos relâmpagos vermelhos que o céu inteiro incendiavam; e do trovão, da tempestade, daquela nuvem que se alteava, só, no amplo azul do céu puríssimo, como um demónio, ante meus olhos. Edgar Allan Poe

2 comentários:

éme. disse...

Nunca fui e nunca vi,
como outros.
Diz Edgar Allan Poe...
Talvez essa verdade lhe tenha custado (um pouco) os dias de vida mas, a nós, que o lemos, sabe um bem imenso que a ele assim tenha acontecido!

jrd disse...

«Abençoada» a desobediência permanente do "eu" dele.