sexta-feira, outubro 10, 2008

HOMEM SÓ Além da janela, os ramos verdes e um resto de tarde se apagando. Mulheres de branco, os rostos parados e frios, passam. Algumas colhem flores friamente, como se não colhessem flores, Homens tristes e abandonados descem do alto da rua. Vem do trabalho que ficou lá no fim da cidade, e trazem para suas mulheres suor, pão quente e amor. Sempre há amor nos homens quando as tardes findam. E sempre haverá mulheres de branco apanhando flores, quando as tardes findam. Há amor também no homem só que está por trás da janela e se embala numa rede azul. Um azul que vai e vem e que arranca do homem uma canção que se apaga com a tarde e que vai enchendo de noite o entardecer do quarto. Berilo Wanderley* *poeta brasileiro

2 comentários:

éme. disse...

Sempre haverá...
Algumas coisas sempre estão por aí e, por que será?, tantas vezes (quase) não as vemos...
e
Porque será que fazemos todos coisas como se não as estivéssemos a fazer?

f@ disse...

Além da janela do olhar...
infinito
homens e mulheres colhem flores e estrelas...
beijinhos das nuvens