sábado, outubro 11, 2008

Existem católicos e católicos Divulgou-se recentemente o atual número de católicos no mundo: algo em torno de 1,13 bilhão, o que corresponde a cerca de 17% da população mundial. Sabemos, contudo, que há católicos e católicos. Arrisco a classificação de pelo menos quatro tipos. Primeiramente, o famoso católico não-praticante. Milhões de pessoas batizadas, sem grande contato com a religião. Não têm vida sacramental estável, não são contra nem a favor das regras do jogo, porque as desconhecem. Católicos para quem as epístolas foram as irmãs dos apóstolos... Não-praticante do catolicismo, este católico pratica um pouco de tudo, e vai levando. Sua vulnerabilidade espiritual pode levá-lo a aderir a qualquer coisa, até mesmo a movimentos católicos... Temos o não-católico praticante. Aquele que pratica a caridade sem saber que é virtude teologal. Que acredita em Deus sem saber que no Deus Uno e Trino acredita. Atira onde não vê e acerta onde não espera: tem na esperança outra virtude oculta. O não-católico pode seguir outras religiões, pode considerar-se adversário do catolicismo. Talvez seja até melhor, para ele, não saber que é canonizável. Está a salvo da vaidade de querer ser santo. A prática longe da instituição, longe da Igreja, mas perto de Deus. O praticante não-católico é uma aberração interessante. Missa diária, terço diário, confissão semanal, mortificação, Bíblia, conhecimentos teológicos, apologética, liturgia, proselitismo, mas esquecimento do essencial. É capaz de humilhar o irmão, achando que recebeu do Pai autorização para tanto. Beija a mão do papa... e depois abraça o demônio. Despreza o não-praticante, o agnóstico, e fica imaginando como pode Deus ser tão descuidado, deixando hereges e ateus soltos por aí. E há o católico por um triz, desconfiado de sua própria catolicidade. Pratica o que manda a consciência, mantendo um olho no padre e outro na missa. Procura ser menos papa do que o Papa. Basta um. Quer separar o joio do trigo, mesmo que digam ser tudo trigo. Quer descobrir o trigo no meio do joio, mesmo que digam ser tudo joio. Os sacramentos o alimentam, mas está sempre com fome. Reza sabendo que Deus sabe mais. Não sei como o Vaticano vai lidar com esses e outros tipos de católicos. Os números escondem a realidade. Cristo disse: "Sou o caminho". Mas não se tratava de uma rodovia. O caminho no meio do deserto não tem muretas nem semáforos. Gabriel Perissé* *professor e escritor Publicado no jornal digital Correio da Cidadania

2 comentários:

f@ disse...

Olá Lino,
Eu sou praticante das nuvens...
Não concordo com o baptismo nos recém nascidos... tão pouco no que se faz apenas porque é habitual e para fazer uma festa... basta a festa de nascer... ensinar o bem... dar bons exemplos,... o resto vem por acréscimo... Os "donos da Igreja" fazem os nºs...
beijinhos das nuvens

jrd disse...

Hoje não estou muito "católico" para comentar e nos outros dias também não estou mas comento.