How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
quarta-feira, outubro 29, 2008
O RIO NÃO MORRE
“También se muere el mar” (Garcia Lorca)
“Aquele rio era um cão sem plumas” (João Cabral de Melo Neto)
Não se mata um rio
como não se enterra
um morro
Como a fogueira
não se põe no bolso
Como um leão
não pede socorro
Um rio terminal
é a soma da baba
do rebanho
viscoso no que tem
de sono
aéreo no que tem
de sonho
O mar recebe o rio
feito de escombros
O mar pode morrer
(Netuno exangue)
Não por obra do rio
que guarda o sopro
Envenenado talvez,
mas nunca morto
Um rio sobrevive
sem suas vertentes
Um rio pode seguir
sem ser corrente
Um rio não é a escama
de nenhum peixe
Ele será sempre o rio
da minha infância
O Uruguai antes
do saque
touro frente à lua
surra de gigante
Nesse rio sem fim
mora meu povo
Cobre de minuano ao frio
Charrua de invencível
lança
Não se mata um rio
O sol não cabe
numa estante
A eternidade acampou
e faz a ronda
Nei Duclós*
*poeta brasileiro que hoje celebra 60 anos
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1 comentário:
Grande poema!
Um rio de ouro que se encontra com um mar de prata.
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