terça-feira, maio 29, 2007

Platero y yo


Juan Ramón Jiménez Mantecón, nascido em Huelva, a 23 de Dezembro de 1881, e falecido em Porto Rico, a 29 de Maio de 1958, foi um poeta espanhol, vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 1956.

Filho de um casal que se dedicava, com bastante sucesso, ao comércio de vinhos, publicou os seus primeiros livros aos 18 anos (em 1900); mas a morte do seu pai nesse mesmo ano e a consequente ruína da família causaram-lhe uma enorme preocupação que, devido ao seu carácter hipersensível, lhe provocou o internamento durante 4 anos, por depressão, no sanatório de Bordéus, em 1901.

Platero y yo, terminado em 1914, tornou-se a obra mais popular do poeta, um poema escrito em excelente prosa, na qual descreve o ambiente e a vida da gente simples da sua pequena aldeia da Andaluzia, e também a afeição que o une ao burrito Platero, que umas vezes lhe serve de confidente e outras é o verdadeiro sujeito da acção. Ambos, jovem e burro, percorrem as ruas da aldeia e os campos em seu redor, trocando impressões e imaginando aventuras, ou cruzando-se com alguns dos seus conterrâneos (a filha do carvoeiro que entoa uma canção de embalar, os meninos pobres que brincam, o padeiro que vai entregar o pão ao meio-dia). Recordo-me de o ter lido na adolescência, na sua versão original, e do modo como me marcou e a tantas pessoas da minha idade.

Em 1936 viu-se forçado a abandonar Espanha, devido à guerra civil, tendo partido para a sua segunda pátria, Porto Rico. Em 1946 esteve novamente hospitalizado, durante oito meses, com outra crise depressiva. Em 1956 a Academia Sueca premiou-o com o Nobel de Literatura, quando se encontrava ainda exilado em Porto Rico, onde trabalhava como Professor da Universidade local.

Três dias depois, faleceu a sua esposa. O poeta nunca recuperou dessa perda e permaneceu em Porto Rico, tendo o Presidente da Universidade de Porto Rico ido receber o prémio em seu nome. Morreria dois anos mais tarde, na mesma clínica onde tinha falecido a esposa.

Primavera

Abril, sin tu asistencia clara, fuera
invierno de caídos esplendores;
mas aunque abril no te abra a ti sus flores,
tú siempre exaltarás la primavera.

Eres la primavera verdadera;
rosa de los caminos interiores,
brisa de los secretos corredores,
lumbre de la recóndita ladera.

¡Qué paz, cuando en la tarde misteriosa,
abrazados los dos, sea tu risa
el surtidor de nuestra sola fuente!

Mi corazón recojerá tu rosa,
sobre mis ojos se echará tu brisa,
tu luz se dormirá sobre mi frente...

Juan Ramón Jiménez

2 comentários:

Eurydice disse...

Gostei muito desta sequência de posts literários!... :) Muito interessante, Lino!

lino disse...

Obrigado, bianca.
Jocas