quarta-feira, maio 09, 2007

Écloga A noite liga o olhar das corujas no anfiteatro das trevas. É onde o choro dos primogênitos rasga a flor dos corpos com seus gumes entuarados. Ali os anjos futuros conclamam-se em rumores. É onde os defuntos apascentam a entremostrar-se aos eleitos. Da terra o rosto se espraia virginal e inviolável. Rezadeiras nuas invocam a súbita magia dos ventos. É onde cosmonautas etéreos aderem à argila e aos remansos. As unhas dos vendavais reclinam-se em bonanças. As seivas pulsam, enroscam-se em aurículos e ventrículos de barro. Ali, todas as ausências se investem de soberanias. É onde as fúrias se convertem em imunidades brancas. O firme verde ovaciona a amplidão de seu reino. Os lívidos braços rurais se cruzam e se fertilizam. É onde as camadas dos tempos consagram as divindades do azul. E os mugidos todos se enlaçam à madura memória das coisas. Joanyr de Oliveira (afixado em São Lourenço - Minas Gerais)

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