quarta-feira, maio 06, 2009

Cúmplices Onde o vento não cessa revejo as árvores da infância e toco o anjo fascinante de um selo antigo da Lituânia. A meu lado, a mulher cinge a clâmide branca e é um ser alado com as sandálias de esparto no chão cintilante. À esquerda, na calle Portugal, um edifício está em chamas. Os homens depuram o fogo e a alquimia produz uma passagem para outro lugar. A manhã revela a epifania das coisas, a imortalidade da alma perante o mistério sagrado da brancura, o olhar cúmplice porque me encontro e me perco na graça do enigma. Por uma palavra e os teus olhos, transponho esta fogueira, vacilo, colho a flor translúcida intensamente azul onde a vidência se fixa para sempre, olho nos olhos a Virgen de La Veguilla e peço para voltar, entrego o coração, celebro a luz, alcanço a transparência. Amadeu Baptista* - A Poesia na Era Digital *poeta portuense que hoje celebra 56 anos de idade

1 comentário:

jrd disse...

Não conhecia. Fiquei a conhecer e logo com um belíssimo poema.