sexta-feira, maio 08, 2009

Anda porcaria no ar Eu não costumo ser céptico relativamente às qualidades curativas ou meramente paliativas de medicamentos desenvolvidas pelas farmacêuticas e aceites como bons pelos médicos e pelas autoridades de saúde, e muito menos pretendo desvalorizar os riscos de uma pandemia ou assustar quem quer que seja. Mas desconfio que anda um mau cheiro no ar relativamente à gripe que começou por ser suína e agora é gripe A porque os muçulmanos, para quem o porco é um animal impuro, decidiram chacinar, no Egipto, cerca de 4 centenas de milhares de porcos, que eram o sustento de quase outros tantos cristãos coptas. O meu cepticismo começou quando as acções da Roche, produtora do Tamiflu e na qual o amigo americano de um enfatuado ex-Ministro de Estado detém elevados interesses, subiram em flecha, e foi crescendo quando, na passada sexta feira, saí de casa com a notícia de 150 mortos no México devido à tal gripe e uma hora depois, quando cheguei ao destino, o número de mortos já era de 7. Afinal, a maioria das mortes verificadas no México não tinha sido provocada pela gripe A mas por outra causa não especificada. Ou o recuo ter-se-á devido à denúncia das responsabilidades da indústria pecuária dos Estados Unidos, que explora a produção animal nas mais degradantes condições, sobretudo no México, mas também dentro de portas? Entretanto, os responsáveis da Organização Mundial de Saúde já tinham posto as mãos no lume pelo Tamiflu e as acções da Roche continuavam (e continuam) a subir. Da Roche e de uma pequena companhia australiana chamada Biota Holdings, que desenvolveu o medicamento concorrente Relenza, que depois licenciou à farmacêutica americana GlaxoSmithKline. Entre a gripe das aves e os actuais temores, a Roche vendeu, só aos governos, 220 milhões de doses, a que acrescem os muitos milhões mais dispensados pelas farmácias. Considerando que a dose custa cerca de 25 euros e mesmo que aos governos seja fornecida por metade, é uma maquia astronómica. Quanto ao Relenza, de mais difícil administração dado que tem de ser inalado por quem tem o nariz completamente entupido, foram vendidos no primeiro trimestre USD 462 milhões, dos quais 7% reverteram para a Biota Holdings. É sabido que os médicos que trabalham para as farmacêuticas são os mesmos que prestam assessoria à OMS e há estudos independentes que apontam para a pouca eficácia dos dois medicamentos numa eventual pandemia, bem como para a possibilidade de a estirpe do vírus da gripe A já ter desenvolvido resistência aos mesmos. Sarah Boseley, a multi-premiada jornalista que edita a secção Saúde do Guardian, escreveu ontem um extenso e esclarecedor artigo sobre o assunto, e Ben Goldacre, médico e colunista do mesmo jornal, já tinha alertado para esse problema. A OSM já avisou que a gripe A pode atingir um terço da população mundial (são só dois mil milhões) e especula-se que o perigo pode ser bem maior do que o esperado. Se calhar, a melhor protecção está no respeito pelas regras básicas de higiene - digo eu que não tenho nenhum medicamento para vender: lavar frequentemente as mãos com sabão, tapar a boca com lenços de papel para não borrifar o vizinho com perdigotos, tapar a boca e o nariz com lenços de papel quando se espirra, para não aspergir os circundantes com secreções contagiosas e dar sumiço higiénico aos lenços de papel após cada utilização.

3 comentários:

jrd disse...

Cuida~te que a grande porca, a Roche, anda por aí.
E se espirrares: Santinho!!!

mdsol disse...

Pois! Também me interrogo!

No caso de espirrar eu digo "Biba! (este meu sotaque)

:)))

Milu disse...

Os conselhos higiénicos que exemplifica na última parte do seu texto são muito pertinentes, deviam ser visionados por certa gente! Já me aconteceu, quando estou numa qualquer fila, o vizinho de trás tossir ou espirrar-me para cima. Quando isso acontece fico desvairada de tanto nojo!