quarta-feira, abril 29, 2009

100 dias Barack Obama cumpre hoje o seu centésimo dia como Presidente dos Estados Unidos e nestes três meses e dez dias muitas coisas mudaram, embora alguns achem que tudo ficou na mesma. Para mim, que nunca coloquei a fasquia demasiado alta porque sei que há conceitos na Europa e na América Latina de que os estado-unidenses têm medo (socialismo é um deles, nacionalização é outro), não tem sido uma desilusão. Houve mudanças de fôlego na política externa: no trato com a União Europeia, nas relações com a América Latina - Lula foi o primeiro presidente a visitar a Casa Branca e houve um bom relacionamento com todos os dirigentes que participaram na Cimeira da América - , no estender de mãos ao Irão, no diálogo com a Rússia, no levantamento das restrições relativas a viagens, remessas e envio de algumas mercadorias para Cuba, na contenção relativamente ao apoio incondicional a Israel. Para mim, que não pretendo ser analista político, as situações mais difíceis serão mesmo as duas últimas. Para levantar o incompreensível embargo a Cuba necessita do apoio das duas Câmaras do Congresso e ainda não dispõe dos 60 Senadores necessários para impedir o boicote da minoria; mas está prestes a consegui-lo, pois o Senador Republicano da Pensilvânia, Arlen Specter, mudou ontem de campo, cansado da linha cada vez mais conservadora do seu partido, e o Democrata (e humorista) Al Franken já foi declarado por três vezes vencedor no Minesota em Novembro de 2008, faltando apenas a confirmação do Supremo Tribunal do Estado. No que concerne a Israel (a que está estreitamente ligado o relacionamento com o Irão), o lóbi israelita é muito poderoso e Hillary Clinton tem dado uma no cravo e outra na ferradura, mas há sinais de que os Estados Unidos estão mesmo apostados na política dos dois Estados. Fica por saber o que fazer com os atoleiros do Afeganistão e do Paquistão. A nível de política interna, decidiu fechar Guantánamo e fazer julgar os presos em tribunais dignos desse nome, apresentou um orçamento virado para aspectos sociais (saúde, educação, diminuição de impostos para as pessoas de rendimentos médios e baixos, infra-estruturas), reverteu a decisão de Bush sobre o financiamento da investigação em células estaminais embrionárias, conseguiu aprovar um pacote de estímulos considerado bastante positivo, revelou os memorandos acerca da autorização da tortura como meio de obtenção de informações, reconheceu a responsabilidade dos Estados Unidos na guerra das drogas. É duvidoso que a atitude para com os bancos seja a mais adequada, terá de ter pulso forte para conseguir uma regulação efectiva dos mercados financeiros, a Comissão de Investigação para apurar (e punir) os responsáveis pelas torturas parece que vai avançar, mesmo contra a sua vontade, tem de fazer frente à toda poderosa RNA. No que respeita ao ambiente, foram reconhecidos os problemas das alterações climáticas, a EPA mudou radicalmente de atitude e as energias renováveis tornaram-se uma prioridade. Dos vários balanços que me pude ler, destaco a coluna do Times da autoria da politicamente incorrecta Arianna Huffington, criadora e editora do Blogue (mais jornal digital) The Huffington Post , e o editorial do The New Iork Times.

3 comentários:

jrd disse...

Excelente.
Vamos continuar a dar-lhe o benefício da dúvida.
Só aos reaccionários do costume é que não agrada o que escreveste.

O Puma disse...

Por consideração pessoal

vou dar aos dois

o benefício da dúvida

O Puma disse...

Não digam mal de Obama

porque temos lá um cão