quarta-feira, abril 18, 2007

Antero de Quental

Antero Tarquínio de Quental é um dos nomes grandes da literatura portuguesa. Nascido em Ponta Delgada, Açores, a 18 de Abril de 1842, destacou-se, desde jovem, pelas suas opiniões revolucionárias e pela forma de estar na vida: lutador e muito congruente com os seus ideais socialistas.

Antero espalhou saber pela poesia, filosofia e política. Tendo estudado direito em Coimbra, onde brilhou como líder estudantil, esteve envolvido na famosa Questão Coimbrã.

A conhecida disputa literária, ocorrida nos anos de 1865-66, é um marco na nossa literatura. Tudo começou quando António Feliciano de Castilho (velho mestre de Antero) criticou, numa carta-prefácio ao livro Poema da Mocidade, de Pinheiro Chagas, a nova geração de poetas, especialmente Antero de Quental e Teófilo Braga. Os dois responderam com outros poemas instigando o sentimento contrário às tradições românticas, políticas e religiosas. Isso fez com que os intelectuais e estudantes se dividissem: de um lado, os defensores de António Feliciano de Castilho, Camilo Castelo Branco e Ramalho Ortigão (românticos); do outro, os defensores de Antero de Quental e Teófilo Braga (realistas). A polémica só terminou com um duelo entre Antero e Ramalho, que se saldou por ferimentos ligeiros nos dois. A honra das partes estava salva e Antero e Ramalho tornaram-se amigos.

Juntamente com Eça, Ramalho, João de Deus, Manuel de Arriaga e tantos outros fundou, em 1869 o chamado grupo do Cenáculo, uma espécie de tertúlia onde se discutiam as novas ideias que chegavam da França.

Integrou a redacção de jornais de orientação socialista, como “A República” e o “Pensamento Social” e ajudou a fundar a Associação Fraternidade Operária, representante em Portugal da Primeira Internacional Operária.

Dentro do mesmo espírito de intervenção, participou, em 1871, na organização das “Conferências do Casino”, tendo sido autor de um dos textos mais célebres da série – Causas da Decadência dos Povos Peninsulares .

Antero é considerado o guia espiritual da geração de 70, um agitador político a tempo inteiro, que se afirmou pelo desejo de intervenção e renovação da vida política e cultural portuguesa. Tinha uma personalidade complexa, que oscilava entre a euforia e a mais profunda depressão (o que é hoje conhecido como “doença bipolar”), acabando por se suicidar, com um tiro de revólver, em 11 de Setembro de 1881.

Hino à Razão

Razão, irmã do Amor e da Justiça,
Mais uma vez escuta a minha prece.
É a voz dum coração que te apetece,
Duma alma livre, só a ti submissa.

Por ti é que a poeira movediça
De astros e sóis e mundos permanece;
E é por ti que a virtude prevalece,
E a flor do heroísmo medra e viça.

Por ti, na arena trágica, as nações
Buscam a liberdade, entre clarões;
E os que olham o futuro e cismam, mudos,

Por ti, podem sofrer e não se abatem,
Mãe de filhos robustos, que combatem
Tendo o teu nome escrito em seus escudos!

Antero de Quental

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bom!
Abraço