quarta-feira, janeiro 28, 2009

A Padrão dos Pobres A Standard & Poor’s, empresa que atribui notações para o risco de crédito (vulgo rating) dos Países e das Empresas, decidiu, no fim da passada semana, baixar a notação de Portugal de AA- para A+, o que implica, também, a descida das notações das empresas com sede em Portugal, mesmo as filiais de empresas estrangeiras, já que uma das regras da notadora é não dar às empresa mais do que um grau acima da notação do país. Tal significa que o crédito para o Estado e para as Empresas ficou mais difícil e mais caro, não pela notação em si mas porque vivemos num mundo de decisores mentecaptos que seguem sem questionar as decisões de empresas sem qualquer credibilidade. E vou explicar porquê. O mundo do rating é dominado por três empresas: a Standard & Poor’s ( líder), a Moody's e a Fitch Ratings. Foram estas empresas que provocaram a actual crise financeira, já que os seus “sábios”, ainda há dois anos, atribuíam uma notação máxima (AAA, o máximo comum às três empresas) aos instrumentos financeiros (derivados) que financiaram o crédito subprime e que conduziram ao imbróglio em que hoje o mundo vive, que começou por ser financeiro mas já é económico e social, porque “quando o mar bate na rocha que se lixa é o mexilhão”. Para percebermos melhor o quão ridículos são os métodos destes abencerragens, chega dizer que a Standard & Poor’s considerou a Islândia como uma economia extremamente forte na véspera do País declarar a bancarrota e o Lehman Brothers um banco financeiramente robusto já este tinha apresentado às autoridades de Nova Iorque o pedido de falência. Há uns anos atrás, a Enron e a WorldCom tinham AAA pouco tempo antes de estoirarem. Depois de um relatório de 2003 da SEC (a CMVM lá do sítio), completamente arrasador para a indústria de rating, indiciando o recebimento de chorudas comissões pelas notações atribuídas a alguns instrumentos financeiros estruturados que enganaram milhões de investidores, um analista da Standard & Poor’s escreveu “esperemos estar todos ricos e reformados quando o castelo de cartas ruir” e outro acrescentou “eles (os instrumentos financeiros) podiam ter sido estruturados por vacas, que nós notá-los-íamos na mesma”. QED, o rating, só por si, não significa grande coisa; o que é muito perigoso é ser utilizado por decididores aparelhados com antolhos laterais. (Nota: Os sistemas de notações muito similares utilizados pelas três grandes podem ser vistos clicando nas ligações que coloquei acima.. Todas a notações apresentadas têm ainda graus intermédios de + (com excepção do AAA, que é o mais alto) e (com excepção do D, o mais baixo).

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