sexta-feira, janeiro 23, 2009

O Enviado Especial Da catadupa de decisões tomadas pela nova Administração estado-unidense nos primeiros 2 dias de mandato quero focar-me numa que terá passado algo despercebida: de acordo com aquilo que era esperado, Obama escolheu George Mitchell para Enviado Especial ao Médio Oriente com vista à obtenção de um acordo de paz justo entre israelitas e palestinos. George John Mitchell, antigo senador democrata pelo Maine e líder da maioria democrata no Senado ente 1989 e 1995, foi nomeado por Bill Clinton Enviado Especial para a Irlanda do Norte, tendo desempenhado um papel fulcral no processo de paz que levou, em 1998, ao Acordo de Paz de Belfast, também conhecido por Acordo da Sexta Feira Santa, o qual conduziu a uma paz que perdura até hoje, apesar de alguns percalços. É verdade que o conflito Israelo-Palestino tem muitas diferenças relativamente ao da Irlanda do Norte, mas também tem pontos em comum, os quais suscitam alguma esperança, pois se na Irlanda do Norte republicanos (católicos) e unionistas (protestantes) - que se combateram durante décadas e desejaram a morte uns aos outros - conseguem, há mais de 10 anos, governar em conjunto e viver em paz, os palestinos e os israelitas não têm de estar condenados a lutar para sempre. Gerry Adams, líder histórico do Sinn Féin, já fez apelos nesse sentido. Não é menos verdade que George Mitchell já participou num quase acordo entre as duas partes, mas as negociações acabaram num fiasco. Com efeito, depois da Cimeira de Camp David 2000, esteve envolvido em negociações no Médio Oriente por indicação de Bill Clinton, mas o acordo, quase concluído na Cimeira de Taba, foi boicotado por Ariel Sharon, eleito primeiro ministro em 6 Fevereiro de 2001, com o beneplácito de Bush e Colin Powell. Agora, as condições locais são bem menos favoráveis, mas espera-se que haja um querer diferente em Washington.

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