segunda-feira, janeiro 19, 2009

A Génese de um Poema A maior parte dos escritores, sobretudo os poetas, preferem deixar supor que compõem numa espécie de esplêndido frenesim, de extática intuição; literalmente, gelar-se-iam de terror à ideia de permitir ao público que desse uma espreitadela por detrás da cena para ver os laboriosos e incertos partos do pensamento, os verdadeiros planos compreendidos só no último minuto, os inúmeros balbucios de ideias que não alcançaram a maturidade da plena luz, as imaginações plenamente amadurecidas e, no entanto, rejeitadas pelo desespero de as levar a cabo, as opções e as rejeições longamente ponderadas, as tão difíceis emendas e acrescentos, numa palavra, as rodas e as empenas, as máquinas para mudança de cenário, as escadas e os alçapões, o vermelhão e os postiços que em 99% dos casos constituem os acessórios do histrião literário. Edgar Allan Poe*, in A Filosofia da Composição *No 200º centenário do nascimento

2 comentários:

Deleir Inácio de Assis disse...

Então perdoe-me por ter me precipitado. Continuarei visitando seu blog e procurarei pelos seus escritos iniciais. Abraço!

jrd disse...

Parir o poema só e sentir as dores, que só os poetas sabem.