segunda-feira, setembro 17, 2007

A imposição do poema Dissimulado, o poema se impõe: aceso o coração, iluminada a rua, o poema dá as caras nas frestas da janela, põe as manguinhas de fora, cospe no prato e, atrevido, vai realizando, meio tonto, meio sonso, sua esfinge de cal, sua natureza de vento, sua estrutura de nada. Inútil, o poema compõe disfarces: armada a cilada, preparado o bote, o poema primeiro dorme, descansa seu corpo de éter, sua alquimia, na primeira pedra, ao menor descuido, para depois, ágil e confiante, estabelecer-se inteiro na superfície rasa do papel vencido. João Carlos Taveira* *poeta mineiro

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