sábado, setembro 29, 2007

Círculo vicioso Bailando no ar, gemia inquieto vagalume: "Quem me dera que eu fosse aquela loira estrela Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!" Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme: "Pudesse eu copiar-te o transparente lume, Que, da grega coluna à gótica janela, Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela" Mas a lua, fitando o sol com azedume: "Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela Claridade imortal, que toda a luz resume"! Mas o sol, inclinando a rútila capela: Pesa-me esta brilhante auréola de nume... Enfara-me esta luz e desmedida umbela... Por que não nasci eu um simples vagalume?"... Machado de Assis

1 comentário:

GMaciel disse...

Líndíssimo e certeiro na sua singela observação. Grande Machado de Assis.