quarta-feira, julho 04, 2007

Será só fundamentalismo? Ouvimos nas televisões e rádios e temos dificuldade em acreditar; lemos nos jornais e abrimos a boca de espanto: os 8 (oito) presos suspeitos dos ataques bombistas em Glasgow e Londres pertencem todos ao Serviço Nacional de Saúde britânico – os 7 homens são médicos e a única mulher, casada com um deles, é técnica de laboratório. Há quem tenha defendido que o “caldo de cultura” propício ao aparecimento de voluntários bombistas, principalmente bombistas suicidas, é a inexistência de alternativas para milhares de jovens sem perspectivas de futuro, vivendo em regiões assoladas pela guerra, muitos deles em campos de refugiados. Vários dos defensores dessa tese chegaram a culpar o “ocidente” pela existência de tais condições, apesar de se saber que a al-Qaeda conta, nos seus quadros, com muitos elementos altamente qualificados, a começar por Osama bin Laden (engenheiro) e Ayman al-Zawhiri (médico). A pergunta que se coloca com toda a acuidade é esta: o que leva pessoas altamente qualificadas e com um futuro promissor a tornarem-se bombistas? Mais: o que faz com que pessoas treinadas para tratar da saúde dos outros e zelar pelo seu bem-estar se empenhem em acções que visam a destruição, o estropiamento e a morte de dezenas, centenas ou milhares de seres humanos? O fanatismo religioso não pode explicar tudo, até porque, como afirmou categoricamente um membro da Associação Muçulmana de Médicos e Dentistas “estas acções são completamente contrárias aos ensinamentos quer da medicina quer do Islão”; apesar da frase “as pessoas que vos curam matar-vos-ão”, alegadamente dita por um dirigente da al-Qaeda a um pastor anglicano de Bagdade, à margem de uma reunião sobre reconciliação religiosa, recentemente realizada na capital da Jordânia. Alice Miles e Michael Binyon, ambos colunistas do Times, tentam dar-nos algumas pistas em duas peças que vale a pena ler. Poderá tratar-se de nacionalismo e luta contra a ocupação de território por potências estrangeiras, de acordo com a tese defendida por Robert Pape no seu livro Dying to Win, resumida neste entrevista de 2005. Ou será que esta negra realidade ultrapassa a capacidade de compreensão da nossa cultura?

3 comentários:

Estrela da Liberdade disse...

Nacionalismo, pilices, piloces a mim nada me convence que o extremismo ao ponto de colocar bombas seja uma forma de combater o que quer que seja. Quem os tens, vai face-a-face nada de fodas escondidas.
Beijinhos e perdoa o meu palavreado

lino disse...

Tás perdoada.
jocas

Instante disse...

Os maiores criminosos do sistema dos campos de concentração nazis, não era gente comum, mas sim gente qualificada. O que dizer de Menguele (é assim que se escreve?)! Os crimes praticadas pelo Japão Imperial na China, falo dos referentes às experiências com seres humanos, eram praticados por académicos reputados.
Portanto, as qualificações destes bombistas não me admiram.