How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
sexta-feira, julho 27, 2007
quinta-feira, julho 26, 2007
quarta-feira, julho 25, 2007
terça-feira, julho 24, 2007
segunda-feira, julho 23, 2007
domingo, julho 22, 2007
sábado, julho 21, 2007
sexta-feira, julho 20, 2007
Abraxas é o segundo álbum do músico e cantor mexicano Carlos Santana, lançado em 1970.
Lembro-me de, entre 1970 e 1973, durante o meu serviço militar voluntariamente obrigatório, passado no então Regimento de Artilharia de Costa, em Oeiras, onde tive como colega o grande jornalista Joaquim Furtado (é mesmo o pai da Catarina), ter ouvido este LP até à exaustão.
As faixas Oye Como Va, Samba Pa Ti e Black Magic Woman foram as que mais aplausos sucitaram e ainda hoje são ouvidas com muita frequência.
Black magic Women
Got a black magic woman
Got a black magic woman
I've got a black magic woman
Got me so blind I can't see
that she's a black magic woman
She's trying to make a devil out of me
Don't turn your back on me baby
Don't turn your back on me baby
Yes don't turn your back on me baby
Stop messing 'round with your tricks
Don't turn your back on me baby
You just might pick up my magic sticks
Got your spell on me baby
Got your spell on me baby
Yes you got your spell on me baby
Turning my heart into stone
I need you so bad, magic woman
I can't leave you alone
canta Carlos Santana, no dia do seu 60º aniversário
Às 20:17:40 UTC (tempo do meridiano “0”, ex-TMG) do dia 20 de Julho de 1969, o módulo lunar Eagle pousou na superfície da Lua, depois de uma viagem de 4,5 minutos desde a nave especial Apolo 11. Cerca de 6,5 horas depois, pelas 2:56 UTC de 21 de Julho, o comandante Neil Armstrong tornava-se o primeiro homem a pisar o solo lunar. Foi então que pronunciou a célebre frase “Este é um pequeno passo para um homem, mas um salto gigante para a humanidade”.
A frase original “That’s one small step for a man, one giant leap for mankind” tem, desde então, sido alvo de polémica, porque nos registos sonoros, aparentemente o astronauta não pronuncia o artigo “a” antes da palavra “man”, o que foi por muitos considerado um erro ou omissão da sua parte devido à excitação do momento. Neil Armstrong sempre afirmou que tinha dito “a man”, mas que o “a” não estava audível, pelo que, à falta de provas, declarou que preferia que o [a] aparecesse entre parênteses quando a citação fosse escrita. Até que, em Setembro de 2006, provas baseadas em novas análises dos registos sonoros levadas a cabo por Peter Shann Ford, de Sydney, Austrália, da empresa Control Bionics, que ajuda pessoas deficientes físicas a usarem os seus impulsos nervosos para comunicar através de computadores, demonstraram que Neil Armstrong tinha mesmo dito o tal “a”.
Este gigantesco salto da humanidade deu origem a várias lendas urbanas. Uma das que mais circulação teve a partir dos anos noventa (estava-se nos primórdios da internete) e que, ainda hoje, continua presente em muitos sítios da rede como sendo verídica, é uma piada de cariz sexual, bem ao estilo americano.
Quando Neil Armstrong, após o passeio lunar, ia a reentrar no módulo, fez uma enigmática observação. “Good luck, Mr. Gorsky”.
Muitas pessoas da NASA pensaram que era uma observação casual dirigida a algum cosmonauta da União Soviética. No entanto, após aturadas pesquisas, concluiu-se que não havia nenhum Gorsky, nem no programa espacial Soviético nem no Americano. Ao longo dos anos, muitas pessoas perguntaram a Armstrong o que significava aquela observação, mas a sua resposta era um sorriso.
Até que em Julho de 1995, em Tampa Bay, Florida, quando respondia a perguntas numa conferência de imprensa que se seguiu a um discurso, um jornalista interrogou-o sobre a enigmática observação de há 26 anos atrás e ele, finalmente, respondeu. Mr. Gorsky e a mulher já tinham falecido, pelo que podia contar a história.
Quando era criança, estava a jogar basebol com um amigo no jardim da casa dos pais, quando este bateu uma bola que foi parar debaixo da janela do quarto dos vizinhos da casa ao lado, que eram Mr. e Mrs Gorsky. Quando foi buscar a bola, o pequeno Neil ouviu a Sra. Gorsky gritar para o marido: “Oral sex! You want oral sex?! You’ll get oral sex when the kid next door walks on the moon!”
É uma histórica picante, mas é falsa, como tantas outras que circulam na rede. Nunca houve a tal conferência de imprensa, a frase não consta dos registos da NASA e o próprio Neil Armstrong, em finais de 1995, negou tê-la pronunciado e afirmou que a primeira vez que ouviu a anedota foi quando ela foi contada pelo comediante Buddy Hackett.
Só refiro este pormenor, porque já vi a história contada como verdadeira na nossa imprensa escrita. Não me lembro em que jornal, nem isso interessa. O que interessa é o nível da maior parte do nosso jornalismo, que continua a papaguear acriticamente aquilo que ouve ou lê, quantas vezes em questões de enorme gravidade.
quinta-feira, julho 19, 2007
quarta-feira, julho 18, 2007
terça-feira, julho 17, 2007
segunda-feira, julho 16, 2007
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sábado, julho 14, 2007
sexta-feira, julho 13, 2007
quinta-feira, julho 12, 2007
quarta-feira, julho 11, 2007
Esta Senhora chama-se Suzanne Nadine Vega e celebra hoje 48 anos de idade.
Nascida em Santa Monica, Califórnia, a 11 de Julho de 1959, é uma cantora estado-unidense reconhecida mundialmente, mas a que, infelizmente, por cá não se dá a devida importância.
Filha de um escritor porto-riquenho, Suzanne cresceu e viveu grande parte de sua juventude em Manhattan, Nova Iorque, tendo escrito a sua primeira canção aos 14 anos.
Com fortes influências de Leonard Cohen, o álbum de estreia, intitulado Suzanne Vega e lançado em 1985, foi muito elogiado pela crítica da especialidade no seu país e atingiu a platina na Inglaterra.
Em 1987 veio o reconhecimento mundial (da crítica e do público), com o álbum Solitude Standing. A faixa intitulada Luka andou meses a fio nas rádios do mundo inteiro.
Com 9 álbuns no activo até agora e uma Retrospectiva em DVD (de 2003), é uma voz a ouvir, sempre. Happy Birthday, Suzanne!
Luka
My name is Luka
I live on the second floor
I live upstairs from you
Yes I think you've seen me before
If you hear something late at night
Some kind of trouble. some kind of fight
Just don't ask me what it was
Just don't ask me what it was
Just don't ask me what it was
I think it's because I'm clumsy
I try not to talk too loud
Maybe it's because I'm crazy
I try not to act too proud
They only hit until you cry
And after that you don't ask why
You just don't argue anymore
You just don't argue anymore
You just don't argue anymore
Yes I think I'm okay
I walked into the door again
Well, if you ask that's what I'll say
And it's not your business anyway
I guess I'd like to be alone
With nothing broken, nothing thrown
Just don't ask me how I am
Just don't ask me how I am
Just don't ask me how I am
My name is Luka
I live on the second floor
I live upstairs from you
Yes I think you've seen me before
If you hear something late at night
Some kind of trouble. some kind of fight
Just don't ask me what it was
Just don't ask me what it was
Just don't ask me what it was
They only hit until you cry
And after that you don't ask why
You just don't argue anymore.
You just don't argue anymore
You just don't argue anymore
Suzanne Vega
terça-feira, julho 10, 2007
segunda-feira, julho 09, 2007
Foi de repente, há 27 anos. Na noite de 8 de Julho de 1980, quando acertava com o Toquinho os detalhes das canções do álbum "Arca de Noé", Vinícius de Moraes alegou estar cansado e foi tomar um banho. Toquinho foi dormir. Na madrugada do dia 9, Vinícius foi encontrado pela empregada, na banheira de casa, com dificuldades em respirar. Toquinho correu em seu auxílio, seguido por Gilda Mattoso, última esposa do poeta. Mas não houve tempo para socorrê-lo. Vinícius de Moares morreria na manhã desse dia 9 de Julho.
No enterro, consolada por Elis Regina, Gilda recordava a noite anterior, quando, numa entrevista, perguntaram a Vinícius: "Você está com medo da morte?". E o poeta, placidamente, respondeu: "Não, meu filho. Eu não estou com medo da morte. Estou é com saudades da vida".
Soneto da separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Vinícius de Moraes
domingo, julho 08, 2007
sábado, julho 07, 2007
sexta-feira, julho 06, 2007
Frida Kahlo nasceu há 100 anos; Louis Armstrong morreu há 36.
Apesar de serem contemporâneos e de países vizinhos, provavelmente nunca se encontraram. Mas une-os o facto de se terem dedicado à sua arte de alma e coração e de ambos terem, em vida, conquistado o reconhecimento internacional.
Ela, na pintura; ele no jazz, onde a sua voz e trompete inconfundíveis dominaram a cena durante 50 anos.
Sugiro a abertura de uma nova “janela”, para deliciarem os olhos com as 73 telas da Frida, enquanto os ouvidos saboreiam a voz do Satchmo, naquela que é considerada a sua mais emocionante interpretação:
What A Wonderful World
I see trees of green, red roses too
I see them bloom for me and you
and I think to myself, what a wonderful world
I see skies of blue and clouds of white
the bright blessed day, the dark sacred night
and I think to myself, what a wonderful world
the colors of the rainbow, so pretty in the sky
are also on the faces of people going by
I see friends shaking hands, saying, "how do you do?"
they're really saying, "I love you"
I hear babies cry, I watch them grow
they'll learn much more, than I'll never know
and I think to myself, what a wonderful world
yes, I think to myself, what a wonderful world
Imagem : Auto-retrato Duas Fridas, de 1939
quinta-feira, julho 05, 2007
Jean Cocteau, nascido a 5 de Julho de 1889, perto de Paris, foi um artista francês de múltiplos talentos, que se encontra entre os que mais marcaram a sua época.
Para além de poeta, foi romancista, dramaturgo, pintor, cenógrafo, escultor, realizador e actor.
Tendo publicado o seu primeiro livro de poesia aos 19 anos, aos 20 ingressou no círculos do ballet e do teatro, onde foi introduzido pelo amigo Serguei Diaghilev. Da sua colaboração nasceu Parade, espectáculo de ballet produzido em 1917 por Diaghilev, com música de Erik Satie e decoração de Pablo Picasso, com quem viria a trabalhar múltiplas vezes.
Em 1918 encontra o poeta Raymond Radiguet, do qual foi íntimo, falando-se mesmo de uma relação amorosa, embora não exista qualquer prova disso. A morte de Radiguet,em 1923,deixou-o em profundo desespero, tendo-se entregue ao ópio, do qual nunca se viria a libertar, apesar se sucessivas curas de desintoxicação.
Nos anos vinte associa-se a Marcel Proust, André Gide e Maurice Barrès, tendo sido amigo da maior parte da comunidade artística europeia da altura.
A sua filmografia (O sangue de um poeta, A bela e o monstro, A águia de duas cabeças e Testamento de Orfeu, entre outros), a maior parte escrita e dirigida por si, foi particularmente importante por ter introduzido o surrealismo no cinema influenciando, de certo modo, o género que ficou conhecido como Nouvelle Vague. De A bela e o monstro conheceu Jean Marais, que viria a ser o seu parceiro amoroso mais duradouro.
Grande amigo de Edith Piaf, escreveu, em 1940, uma peça de teatro propositadamente para ela, Le Bel Indifférent, que foi um enorme sucesso. A ua ligação a Piaf era tal que a notícia da sua morte o deixou com uma crise de sufoco, vindo também ele a morrer horas mais tarde, de ataque cardíaco.
Plain-Chant
Je n'aime pas dormir quand ta figure habite,
La nuit, contre mon cou ;
Car je pense à la mort laquelle vient trop vite,
Nous endormir beaucoup.
Je mourrai, tu vivras et c'est ce qui m'éveille!
Est-il une autre peur?
Un jour ne plus entendre auprès de mon oreille
Ton haleine et ton coeur.
Quoi, ce timide oiseau replié par le songe
Déserterait son nid !
Son nid d'où notre corps à deux têtes s'allonge
Par quatre pieds fini.
Puisse durer toujours une si grande joie
Qui cesse le matin,
Et dont l'ange chargé de construire ma voie
Allège mon destin.
Léger, je suis léger sous cette tête lourde
Qui semble de mon bloc,
Et reste en mon abri, muette, aveugle, sourde,
Malgré le chant du coq.
Cette tête coupée, allée en d'autres mondes,
Où règne une autre loi,
Plongeant dans le sommeil des racines profondes,
Loin de moi, près de moi.
Ah ! je voudrais, gardant ton profil sur ma gorge,
Par ta bouche qui dort
Entendre de tes seins la délicate forge
Souffler jusqu'à ma mort.
Jean Cocteau*
*Excerto de “Plain-Chant" – Poésie/Gallimard
(Imagem: retrato de Jeande Cocteau por Amedeo Modigliani)
quarta-feira, julho 04, 2007
É só para recordar que hoje, no Porto, na Livraria Poetria (Palacete Balsemão à Praça Carlos Alberto), às 21H30, haverá nova apresentação do novo livro de Maria Sofia Magalhães.
Para quem morar no Porto ou arredores, um convívio a não perder.
Guardar silêncios
como quem colecciona gestos habituais
em horas desabitadas.
Corro as cortinas da memória
e sinto vertigens de descobertas
em ciclos perfeitos.
terça-feira, julho 03, 2007
Chamava-se James Douglas Morrison e morreu em Paris há 36 anos, no dia 3 de Julho de 1971. De overdose (segundo testemunho da namorada que, anos mais tarde, teria o mesmo destino, inalou heroína pensando tratar-se de cocaína), de “ataque cardíaco”, segundo o relatório oficial, ou assassinado, como alegam outros. Há, ainda, múltiplas teorias da conspiração, que o dão como vivendo em África, nas Bahamas ou num rancho dos Estados Unidos.
Mais conhecido como Jim Morrison e celebrizado como letrista, compositor e cantor do grupo de culto The Doors, Jim foi também realizador, actor e um poeta prolífico, tendo deixado, na sua curta vida, pelo menos quatro livros de poesia, para além das centenas de poemas musicados e cantados.
Jim Morrison nasceu em 8 de Dezembro de 1943, filho de pais conservadores e rigorosos - o pai seria almirante da marinha dos Estados Unidos e a mãe era funcionária também da marinha. Apesar de ter de mudar frequentemente de escola devido à itinerância de família, foi um estudante dotado em literatura, poesia religião, filosofia e psicologia, entre outras matérias.
Além da ter bebido em toda a “beat generation” – Jack Kerouac, William S. Burroughs, Allen Ginsberg e, principalmente, Michael McClure, de quem foi amigo e que o incentivou a desenvolver a sua arte escrever, de tão impressionado que ficou com a sua poesia – Jim teve fortes influências do filósofo Friedriech Nietzche (a ponto de, após a sua morte, Robby Krieger ter afirmado que “o niilismo de Nietzche matou-o”), de William Blake , Charles Baudelaire, Arthur Rimbaud, Charles Mackay, Balzac, Joseph Campbell, James Frazer, Céline e Antonin Artaud. Tendo estudado história da arte e do teatro e introdução ao teatro, escreveu um ensaio sobre À Espera de Godot, de Samuel Beckett, construiu propostas cénicas para a montagem de Gata em Telhado de Zinco Quente, de Tennessee Williams e trabalhou como actor em O Criado, de Harold Pinter.
Entre o lançamento, em Janeiro de 1967, do primeiro álbum do Grupo – The Doors – e o último gravado com Jim Morrison – L. A. Woman - decorreram apenas 4 anos, mas houve mais cinco álbuns, se contarmos com as gravações originais – em 1970 – do An American Prayer, apenas lançado em 1978, vários singles e um duplo ao vivo – Absolutely Live. Uma carreira fulgurante, que marcou a história da musica popular.
Sendo apenas um ano mais novo do que o Jim e tendo tido, na minha adolescência e na fase de adulto jovem, um acesso privilegiado à sua obra, não posso deixar de reconhecer que Jim Morrison foi (e continua a ser) um dos meus artistas preferidos. E vejo, com gosto, que a minha filha ouve os The Doors com prazer (há a discografia completa cá em casa, a maioria em vinil e CD).
Do álbum L.A.Woman,
Riders On The Storm
Riders on the storm,
Riders on the storm,
into this house we're born,
into this world we're thrown
like a dog without a bone,
an actor out alone,
riders on the storm
There's a killer on the road
His brain is squirming like a toad
Take a long holiday
Let your children play
If you give this man a ride
Sweet family will die
Killer on the road
Girl you gotta love your man
Girl you gotta love your man
Take him by the hand
Make him understand
The world on you depends
Or life will never end
Gotta love your man
Jim Morrison/The Doors
segunda-feira, julho 02, 2007
domingo, julho 01, 2007
Amália da Piedade Rodrigues, filha de um músico sapateiro beirão que, para sustentar os quatro filhos e a mulher, tentou a sua sorte na capital, terá nascido, segundo o seu assento de nascimento, a 23 de Julho de 1920, na freguesia lisboeta da Pena, mas queria que o aniversário fosse celebrado a 1 de Julho ("no tempo das cerejas"), e dizia : talvez por ser essa a altura do mês em que havia dinheiro para me comprarem os presentes.
Sobre Amália já quase tudo foi dito, incluindo algumas graves acusações - julgo que totalmente infundadas, pelo que se veio a saber mais tarde - no imediato pós Abril, de ter sido uma cara do regime salazarento.
A verdade é que seu fado de Peniche foi proibido por ser considerado um hino aos que se encontravam presos em Peniche e o poema de Pedro Homem de Mello, Povo que lavas no rio, por si cantado, ganhou dimensão política. E a democracia viria a reconhecer os seus méritos, condecorando-o pela mão de Mário Soares e destinando-lhe um lugar no Panteão Nacional, como grande propagadora que foi da cultura portuguesa, da língua portuguesa e do Fado.
Mesmo quem não aprecia este tipo de música (eu gosto), concordará que ainda está para nascer quem cante de forma tão sublime centenas de poemas de nomes maiores da nossa literatura, entre eles Barco Negro, de David Mourão Ferreira:
De manhã, que medo, que me achasses feia!
Acordei, tremendo, deitada n'areia
Mas logo os teus olhos disseram que não,
E o sol penetrou no meu coração.
Vi depois, numa rocha, uma cruz
E o teu barco negro dançava na luz
Vi teu braço acenando, entre as velas já soltas
Dizem as velhas da praia, que não voltas
São loucas! São loucas!
Eu sei, meu amor,
Que nem chegaste a partir,
Pois tudo, em meu redor,
Me diz qu'estás sempre comigo.
No vento que lança areia nos vidros;
Na água que canta, no fogo mortiço;
No calor do leito, nos bancos vazios;
Dentro do meu peito, estás sempre comigo.