Translúcido
Rosas raras
se alçavam puras
Eu sonho que
vivi sempre exaltado.
Amo os danos
do mundo, quero a chama
Do mundo,
vós, paixões do mundo. E penso:
Estrangeiro
não sou, pertenço à terra.
Um céu abriu
as mãos sobre o meu rosto.
Barcos de
prata cantam vagamente.
Pensando,
desço então pelas veredas
Do mar, do
mar, do mar!
Sinto-me
errante.
Que faz no
meu cortejo essa alegria?
O tempo é
meu jardim, o tempo abriu
Cantando
suas flores insepultas.
Canta,
emoção antiga, meus amores,
Canta o
sentido estranho do verão,
Canta de
novo para mim que fui
Vago
aprendiz de mágico, abstrata
sentinela do
espaço constelado.
Conta que
sempre sou, quem fui, menino.
A pantera do
mar da cor de malva
Uivava sobre
a vaga chamejante.
Eu sonho que
vivi sempre exaltado.
Meu
pensamento forte é quase um sonho.
Nos meus
ombros, o pássaro final.
Íntimo,
atroz, lirismo a que me oponho.
Quando a
manhã subir até meus lábios
Suscitarei
segredos novos. Ah!
Esta paixão
de destruir-me à toa.
(escritor
mineiro nascido faz hoje 93 anos)
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