segunda-feira, abril 23, 2012

Poema e Fuga em Ré Menor

Sobre o piano - rosas
entre as rosas o azul
e o azul não era azul
era vermelho.
Tocavam Bach
e era como luz que transitasse
no mistério.
Todos estavam silenciosos
e no fulgor das pupilas
envenenadas pelo medo
havia uma estranha dor de morte
prematura.

Minha mãe chegou-se a mim e disse: fica
meu avô me segurava do retrato,
meus netos me acenavam do futuro.
Porém eu estava sitiado
entre a fuga e a tocata.
A nuvem carregou-me adormecido,
varei a criação,
transpus o limbo,
quando acordei,
meu pai,
já era céu.


(poeta paraense falecido faz hoje 22 anos)

3 comentários:

Mar Arável disse...

Belíssimo

Quando acordei já era mar

São disse...

Lindo , lindo, lindo!

Um abraço

jrd disse...

Belíssimo poema de alguém que "passou por cá".

Abraço