terça-feira, junho 24, 2014

Pela noite

Pela noite concedias-me o favor,
Abriam-se as portas do altar
E a nossa nudez iluminava o escuro
À medida que genuflectia. E ao acordar
Eu diria “abençoada sejas!”
Sabendo como pretensiosa era a bênção:
Dormias, os lilases tombavam da mesa
Para tocar-te as pálpebras num universo de azul,
E tu recebias esse sinal sobre as pálpebras
Imóveis, e imóvel estava a tua mão quente.


(poeta russo nascido a 24 de Junho de 1907)

1 comentário:

jrd disse...

Um belo preâmbulo que adivinha o desfecho.

Abraço