quinta-feira, junho 05, 2014

Gazel do Amor Desesperado

A noite não quer vir
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.

Mas eu irei,
inda que um sol de lacraus me coma a fronte.

Mas tu virás
com a língua queimada pela chuva de sal.

O dia não quer vir
para que tu não venhas,
nem eu possa ir.

Mas eu irei
entregando aos sapos meu mordido cravo.

Mas tu virás
pelas turvas cloacas da escuridade.

Nem a noite nem o dia querem vir
para que por ti morra
e tu morras por mim.


(poeta andaluz nascido faz hoje 116 anos)


Tradução de Óscar Mendes

1 comentário:

São disse...

E assim o assassinaram os fascistas... e a família não quer que seja exumado .

Gostei deste poema, que nunca encontrei em nenhum dos livros que já li dele

Jorge Palma nunca foi dos meus cantores preferidos.

Tudo de bom, Lino