Resgate
Não sou isto
nem aquilo
É o meu modo
de viver
É, às vezes,
tão tranquilo
Que nem
chega a dar prazer...
Todavia,
onde apareço,
Logo a paz
desaparece
E a guerra
que não mereço
Dá princípio
à minha prece.
És alegre?
Vês-me triste?
Por que não
te vais embora?
Quem é
triste é porque é triste.
E quem chora
é porque chora.
Tenho tudo o
que não tens
Tenho a
névoa por remate.
Sou da raça
desses cães
Em que toda
a gente bate.
Só a idade
com o tempo
Há-de vir
tornar-me forte.
A uns,
basta-lhes o vento...
Aos Poetas,
basta a morte.
(Pedro Homem
de Mello faleceu a 5 de Março de 1984)
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