O Vagabundo
Das casas
que ninguém construiu
me deram
esta para morar:
ficou-me o
céu como tecto
e o vento
como lençóis...
Dos trapos
que atiram fora
me
permitiram um para eu vestir.
Das chuvas
que caem do tecto do meu lar
me
consentiram abafos para as quatro estações.
(Ah, se não
fosse às vezes fazer sol...)
Das mulheres
que ninguém quer
me negaram a
última de todas,
a última de
todas as mulheres!
E quando
notaram que eu parecia um homem,
pois tinha
ouvidos para
ouvir
e olhos para
ver,
em todas as
estradas do mundo
me gritaram:
‑
Mendigo, vai ver o fim das estradas todas do mundo!
(Manuel da
Fonseca faleceu faz hoje 21 anos)
1 comentário:
Poeta da terra, feito de "terra". Poeta de combate, feito de luta.
Abraço
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