terça-feira, janeiro 22, 2013

No domingo à noite

As estrelas ao longe
A cidade maravilhosa
A escuridão claramente triste
Testemunhavam:

A fome.

Encarcerada nos escombros,
Nos corpos imunes –
Crianças, grávidas, velhos, desempregados –
Nas bactérias resistentes tanto quanto ao calor
Humano!

A Vigilância Sanitária diz:
“O calor descaracteriza o produto
não serve para a alimentação
humana”.

Humana?...

A Polícia tenta conter,
As lágrimas,
Diante das cinzas,
Dos miseráveis,
Superiores aos de Victor Hugo:
“Não tenho coragem de coibir”.

Irajá, Acari,
Vigilância, bactérias,
Cinzas, rebentos,
Polícia, alimentos,
Ceasa, o calor...
Artistas kafquianos?
O frio

De nossa desumanidade errática.

Juscelino Vieira Mendes

(poeta paulista)

1 comentário:

São disse...

Este poema recordou-me que num jardim zoológico italiano os animais foram transferidos, porque as jaulas não tinham as condições necessárias...mas acabaram por ser ocupadas por sem - abrigo!

Onde irá parar esta desumana Humanidade?!

Saudações amigas