quarta-feira, dezembro 17, 2008

Somos somos apenas para dizer palavras e entregamos o nosso corpo nas ruas depois repousamos os músculos. não somos puros porque despidos depois de amar não permanecemos. nos perdemos na busca de símbolos: só as casas têm números só os homens têm nomes. queimadas as pálpebras nas cinzas do sono não sabemos que a madrugada se faz nas estrelas que gotejam sangue. morremos e não percebemos as semelhanças que há no peixe e no pássaro no musgo e no vento. possuímos um silêncio para os mortos e um tumulto para o que amamos. guardamos cores na lembrança e envelhecemos antes de sair da infância. refletimos o nosso medo e solidão nos muros, nos bichos, nas flores, sem sabermos que os mortos são fotogênicos sem acharmos a serenidade que faz este mar azul. Carlos Cunha* *poeta brasileiro

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