How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
sábado, junho 28, 2008
Nós Nunca Nos Entendemos
Após uma boa hora de conversa, entendemo-nos perfeitamente. Amanhã vem ter comigo com as mãos na cabeça, gritando:
- Como é possível? O que é que você percebeu? Não me disse isto e isto?
Isto e isto, perfeitamente. Mas o problema é que você, meu caro, nunca saberá nem eu lhe poderei nunca dizer como se traduz, em mim, aquilo que você me disse. Não falou turco, não. Eu e você usámos a mesma língua, as mesmas palavras. Mas que culpa temos nós de que as palavras, em si, sejam vazias? Vazias, meu caro. Ao dizê-las a mim, você preenche-as com o seu sentido; e eu, ao recebê-las, inevitavelmente preencho-as com o meu sentido. Pensámos que nos entendíamos; de facto, não nos entendemos.
E conto velho também é o facto de o sabermos. Eu não pretendo dizer nada de novo. Apenas volto a perguntar-lhe:
- Porque continua, então, a proceder como se não o soubesse? Porque continua a falar-me de si se sabe que para ser para mim como é para você mesmo e para eu ser, para si, como sou para mim, seria preciso que eu, dentro de mim, lhe desse a mesma realidade que você dá a si mesmo, e vice-versa, e isso não é possível?
Infelizmente, meu caro, faça o que fizer, dar-me-á sempre uma realidade à sua maneira, mesmo acreditando de boa-fé que é à minha maneira; e será, não digo que não; talvez seja; mas um «à minha maneira» que eu não conheço nem poderei nunca conhecer; que apenas você, que me vê de fora, conhecerá: portanto, um «à minha maneira» para si, não um «à minha maneira para mim».
Luigi Pirandello, in "Um, Ninguém e Cem Mil"
Retirado daqui
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4 comentários:
Diálogo de surdos e de…mudos.
Essa tradução das palavras " que são o que sentimos" é mto nossa...
o sentido de cada ser humano é o seu... às vezes mto abrangente outras vezes mto "egoista" ... mas deve ser por algum motivo maior que tudo o que dizemos fazemos e sentimos é mto subjectivo...
beijinhos das nuvens
Amigo Lino,
desejo-lhe uma boa semana!
Ab
É dificílimo sim, percebermos plenamente O Outro... é muito difícil também darmo-nos a saber...
Às vezes, lá julgamos que somos claros que nem água límpida, cristalina e que só não nos percebe exactamente como queríamos dizer, quem não quer... ora isto também não é nada assim: quantas vezes julgamos estar a ser o mais transparentes que sabemos e tudo que de nós emana é baço, pouco explícito, morno, pouco vivo?...
A comunicação humana é coisa magnífica! E difícil, profundamente complexa!
:)
Por isso tão cativante!
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