terça-feira, junho 24, 2008

A fúria dos eurocratas No dia em que os irlandeses rejeitaram o Tratado de Lisboa num referendo, os Eurocratas em Bruxelas enlouqueceram de fúria. Esta é a última vez, devem eles ter estado a pensar com seus botões; esses irlandeses nunca serão autorizados a votar outra vez. Vamos acabar com esses referendos. Eles são complicados demais para pessoas comuns. A artigo, para mim antológico, de Hans-Jürgen Schlamp, no Spiegel International, de que faz parte a passagem acima reproduzida, mostra o desconcerto que grassa entre os burocratas de Bruxelas e seus apoiantes incondicionais, com os ataques mais soezes à soberania alheira, de que foi exemplo a triste tirada do homem do bolo rei. Depois de terem legislado sobre tudo e mais alguma coisa, desde a curvatura das bananas ao diâmetro das maçãs, das cerejas e das azeitonas, passando pelo achatamento dos tremoços, pela grossura dos pepinos, pela dimensão dos tomates e pela largura das ervilhas tortas, quiseram os políticos falhados que nos desgovernam impor uma manta de retalhos a quase 500 milhões de cidadãos, mas o 1% a quem teve de ser dada a oportunidade de dizer da sua justiça achou que era muita fruta podre junta o facto de quererem, sub-repticiamente, pôr em vigor um reembrulho intragável daquilo que tinha sido recusado por franceses e holandeses. As exéquias estão a decorrer e o funeral segue dentro de momentos. A União é ingovernável pelos tratados de Roma e Nice? Pode ser que assim seja, mas deviam ter pensado nisso antes de duplicarem, apressadamente, o número de Estados Membros, em obediência a impulsos políticos discutíveis e a reboque dos interesses estratégicos do império, sem pensarem no futuro. Como o não fizeram, tenham agora a capacidade equacionar o que se quer para a Europa, de perguntar aos cidadãos se é isso que pretendem e de elaborar um Tratado simples, que trace apenas as grandes linhas do que é ou deve ser comum a todos, deixando as coisas domésticas a cargo dos governos eleitos de cada Estado. E, já agora, façam isso antes da entrada em vigor do (des)acordo ortográfico, para que nós, os portugueses, ainda possamos entender o que vier a ser escrito.

2 comentários:

Olá!! disse...

será que vai ser "broa" ou "boroa" hahaha

Beijo grande

jrd disse...

Brilhante!
Mas eles não vão fazer coisa alguma, apenas demorar.