domingo, junho 01, 2008

Decadências e tristezas Decadente país este que paga centenas de milhares a um “farrapo humano” de 24 anos de idade, ela que carregava uma imagem de “soul” e “R&B” brancos de primeira água, para vir apresentar tão triste espectáculo de degradação, sem “alma”, sem ritmo e sem “blues”. Decadente país este em que mais de meia centena de milhar de adolescentes (“pitinhas”, na gíria da idade) grita histericamente, aclamando como heroína uma jovem prematuramente envelhecida pelo abuso de álcool e das drogas, com cara de cavalo, pernas de espantalho e corpo de faminta. Triste país este em que um punhado de trabalhadores liderados por patrões sem escrúpulos agride outros trabalhadores e destrói os seus bens, perante a passividade espantosa das forças “de segurança” presentes. Triste país este em que, no partido do governo, a única alternativa ao líder é o próprio líder e em que, no maior partido da oposição, somos forçados a reconhecer que o mal menor foi a eleição duma sexagenária com cara de pau, sem chama nem ideias de futuro. Triste país este em que, à esquerda do partido da direita no poder, pontificam um sacristão armado em teólogo das virtudes e um dançarino popular sem qualquer capacidade para rebobinar a cassete. Triste país este em que, por limite de idade, estou condenado a viver o resto dos meus dias, num modelo de sociedade com que não concordo, mas cujas regras e desgoverno sou obrigado a aceitar e financiar.

3 comentários:

éme. disse...

Assim é...
Eu lá vou fazer uso deste primeiro caso (a vinda da Amy, claro) nas aulas de sexta próxima... e, quando me referir ao que o Sartre queria exprimir com o estarmos condenados a ser livres... bom, lá vou ver o que tem a minha miudagem, mais ou menos da idade da dita mocinha que mal se endireita, a dizer!
Isto há liberdades e liberdades, escolhas e ausências de vontade que me baralham.

Também me sinto condenada a ficar por esta paragem da humanidade, este país onde me parece, cada vez mais, que tudo podia ter acontecido e deixamos sempre para depois...

Agora... por que me cansa esta ideia de me sentir (há tanto) condenada a isto, está na hora de agarrar a mudança que ainda poderei almejar com forças que ainda não terei perdido, não?
É que o tempo está sempre a tempo de se iluminar.

(- Trabalhar num lugar que é pouco Escola e procurar fazer dela lugar de verdadeiro desenvolvimento, há-de permitir-me algum alento! Mesmo que seja restrito ao espaço sala-de-aula, mesmo que seja circunscrito à dita "miudagem" que me faz acreditar que mudar é inevitável -)

...
E lá vem mais uma semana... Vamos a ela, "... que este tempo é de agir, e as palavras estão gastas..." (M. Alegre, Um Barco para Ítaca)
*

jrd disse...

Haverá tristezas que terão sido um pouco exageradas, mas concordo que não temos razões para viverr alegres.

f@ disse...

triste mesmo... beijinhos das nuvens