O poema
A tinta e a
lápis
Escrevem-se
todos
Os versos do
mundo.
Que monstros
existem
Nadando no
poço
Negro e
fecundo?
Que outros
deslizam
Largando o
carvão
De seus
ossos?
Como o ser
vivo
Que é um
verso,
Um organismo
Com sangue e
sopro,
Pode brotar
De germes
mortos?
*
O papel nem
sempre
É branco
como
A primeira
manhã.
É muitas
vezes
O pardo e
pobre
Papel de
embrulho;
É de outras
vezes
De carta
aérea,
Leve de
nuvem.
Mas é no
papel,
No branco
asséptico,
Que o verso
rebenta.
Como um ser
vivo
Pode brotar
De um chão
mineral?
(João Cabral
de Melo Neto nasceu a 09/01/1920)
1 comentário:
Um grande poema. Mais actual que nunca.
Abraço
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