sexta-feira, janeiro 16, 2015

Silêncio

Nesta memória onde o silêncio fala
a viajar no meu sofá sem rumo,
percorro o mundo, sem sair da sala,
com palavras de fumo.
É o silêncio do musgo preso ao muro
de retardar a infância...
Por isso, ainda hoje me procuro
e perco na distância!
Há silêncios que voam como eu
num espanto de luz e nevoeiro
com uma estrela a navegar no céu
na mão dum marinheiro...
Nesta memória onde o silêncio fala
de lagos azuis ou doutra cor
onde um menino cresce e não se cala
quando fala de amor!
Ainda hoje o lago tem pedaços
com bailados de sombras e penumbra
pra recordar os sonhos onde os lábios
o coração afunda...
A fantasia dorme em teu regaço
e Pã dedica a Ceres o seu regresso
quando o silêncio quebra em mil pedaços
pra renascer num verso!


(poeta matosinhense falecido faz hoje 7 anos)

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