quarta-feira, janeiro 21, 2015

Dei um cravo e dei um lenço

Dei um cravo e dei um lenço
À vida, para que esta
Fosse livre… e menos triste.
O cravo ainda resiste
E, ao resistir, faz a festa
No pranto alegre e suspenso
 Praia deserta, horizontal e calma
Perante o alvoroço do que fomos;
Fulgor de uma paixão, vaga alterosa.
E tudo o mar levou, o pranto e a rosa,
A romã dos meus lábios rubros gomos…
Partiste, por inteiro, da minha alma.
Abertas são apenas abandono
Memórias que procuro, mas não quero,
Memórias que inventei, das que vivi.
Se agora sou quem sou, sou mais por ti;
Na desventura toda enlevo e esmero
Que a morte vai trazendo, e não o sono.


(poeta algarvio que hoje faz 56 anos)

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