How many times must a man look up, Before he can see the sky? How many ears must one man have, Before he can hear people cry? The answer, my friend, is blowin' in the wind. The answer is blowin' in the wind.
segunda-feira, março 31, 2014
domingo, março 30, 2014
Lição de
Escuridão
Caboclo
companheiro meu de várzea,
contigo cada
dia um pouco aprendo
as ciências
desta selva que nos une.
Contigo, que
me ensinas o caminho dos ventos,
me levas a
ler, nas lonjuras do céu,
os recados
escritos pelas nuvens,
me avisas do
perigo dos remansos
e quando
devo desviar de viés a proa da canoa
para varar
as ondas de perfil.
Sabes o nome
e o segredo de todas as árvores,
a paragem
calada que os peixes preferem
quando as
águas começam a crescer.
Pelo canto,
a cor do bico, o jeito de voar,
identificas
todos os pássaros da selva.
Sozinho (eu
mais Deus, tu me explicas),
atravessas a
noite no centro da mata.
corajoso e
paciente na tocaia da caça,
a traição
dos felinos não te vence.
Contigo
aprendo as leis da escuridão,
quando me
apontas na distância da margem,
viajando na
noite sem estrelas,
a boca
(ainda não consigo ver) do Lago Grande
de onde me
fui pequenino e te deixei.
De novo no
chão da infância,
contigo
aprendo também
que ainda
não tens olhos para ver
as raízes de
tua vida escura,
não sabes
quais são os dentes que te devoram
nem os cipós
que te amarram à servidão.
Nos teus
olhos opacos
aprendo o
que nos distingue.
Já repartes
comigo a ciência e a paciência.
Quero
contigo repartir a esperança,
estrela
vigilante em minha fronte
e em teu
olhar apenas um tição
encharcado
de engano e cativeiro.
(poeta amazonense
que hoje faz 88 anos)
sábado, março 29, 2014
sexta-feira, março 28, 2014
CANCIÓN
ÚLTIMA
Pintada, no
vacía:
pintada está
mi casa
del color de
las grandes
pasiones y
desgracias.
Regresará
del llanto
adonde fue
llevada
con su
desierta mesa
con su
ruidosa cama.
Florecerán
los besos
sobre las
almohadas.
Y en torno
de los cuerpos
elevará la
sábana
su intensa
enredadera
nocturna,
perfumada.
El odio se
amortigua
detrás de la
ventana.
Será la
garra suave.
Dejadme la
esperanza.
(poeta e
revolucionário espanhol falecido nas masmorras do franquismo faz hoje 72 anos)
Musica e voz
de Joan Manuel Serrat
quinta-feira, março 27, 2014
A implosão
da mentira - Fragmento 4
Tanta
mentira assim industriada
me faz
partir para o deserto
penitente/mente,
ou me exilar
com Mozart
musical/mente em harpas
e oboés,
como um solista vegetal
que absorve
a vida indiferente
Penso nos
animais que nunca mentem.
mesmo se têm
um caçador à sua frente.
Penso nos
pássaros
cuja verdade
do canto nos toca
matinalmente.
Penso nas
flores
cuja verdade
das cores escorre no mel
silvestremente.
Penso no sol
que morre diariamente
jorrando
luz, embora
tenha a
noite pela frente.
(poeta
mineiro que hoje faz 77 anos)
quarta-feira, março 26, 2014
MORADAS
O rosto da
montanha na sombra do vale,
sua macerada
inscrição confundindo as pegadas
de quem,
ignoto, nem a memória inscreveu
sobre o
vento.
Alguém que
olha a ausência
e o mais
íntimo sinal, sedosa estrela,
uma quase
poeira, a viandante terra,
nómada,
entre silêncio e nada.
Uma única
mão de luz talonando o tempo.
(poeta
moçambicano que hoje faz 61 anos)
terça-feira, março 25, 2014
O derradeiro
alento das ceras
Para sempre,
nem mais os
braços enrodilhados, dos amantes,
nem os
lábios prestes ao sigilo
poderiam
prender o fito corrompido
que o tempo
encardiu,
reconquistando-o
ao mar…
…As
promessas são muitas,
carregadas
de correntes impossíveis
e as velas
acesas queimam na noite intensa,
pelo desejo
de uma prece,
derramadas
nas lajes surdas
o derradeiro
alento das ceras…
(poeta
brasileiro nascido a 25 de Março de 1908)
segunda-feira, março 24, 2014
O meu
retrato
Sou magro,
sou comprido, sou bizarro,
Tendo muito
de orgulho e de altivez.
Trago a
pender dos lábios um cigarro,
Misto de
fumo turco e fumo inglês.
Tenho a cara
raspada e cor de barro.
Sou talvez
meio excêntrico, talvez.
De quando em
quando da memória varro
A saudade de
alguém que assim me fez.
Amo os cães,
amo os pássaros e as flores.
Cultivo a
tradição da minha raça
Golpeada de
aventuras e de amores.
E assim
vivo, desatinado e a esmo.
As poucas
sensações da vida escassa
São
sensações que nascem de mim mesmo.
(poeta
pernambucano nascido faz hoje 125 anos)
domingo, março 23, 2014
Valsa do
Adeus
Tudo é
partida de navio, velas
ao vento,
coisas desancoradas
que se
desgarram. Este copo, esta pedra
que
pronuncio não são palavras, nem
versos de
amor, nem o sopro
vivificante
do espírito. São barcos
arrastados
pelo tempo, cascas
de fruta na
enxurrada, lenços
de adeus,
enquanto o vapor se afasta,
e de longe
ilumina essa ausência que somos.
(poeta
mineiro falecido há 26 anos)
sábado, março 22, 2014
Aos cativos
Vós outros, que sois cativos,
Grilos dentro de gaiola;
Aves, que andastes à solta,
E vos prenderam à argola;
Peixes nalguma redoma,
Muito mais mortos que vivos, -
Ouvi:
Maior prisão é cá dentro.
Vós outros, que sois cativos,
Com ferrolhos pelas portas,
E chaves de muitas voltas,
Medonhas grades por fora,
E luz, por dentro, tão pouca,
E antes mortos do que vivos, -
Ouvi:
Preso está quem anda à solta.
Mas seja assim, muito embora,
Vós outros, que sois cativos,
Minh’ alma não vos ignora
Nesta prisão de aqui fora,
Onde é noite a toda a hora,
E, condenados, os vivos
Parecem mortos agora; -
Ouvi:
O tempo tudo melhora
(poeta madeirense nascido a 22 de Março de 1897)
sexta-feira, março 21, 2014
Ontem
1.
Ontem pensei
no meu amor
por ti.
Recordei
as gotas de
mel nos teus lábios
e lambi o
açúcar
das paredes
da minha memória.
2.
Por favor
respeita o
meu silêncio.
o silêncio é
a minha melhor arma.
Escutaste as
minhas palavras
quando
fiquei silencioso?
Sentiste a
beleza do que disse
quando não
disse nada?
(poeta sírio
nascido faz hoje 91 anos)
ANDAR POR AÍ
sem placa de
sinalização
a vida é
algo tão imenso
que não
basta encontrar
os melhores
caminhos
é preciso
que o caminho
escolhido
deixe sempre
boas pegadas
seja nas
planícies
nos desertos
nas
montanhas
nos
pantanais e nos
mangues
e que cada
vez que
o corpo
cansado do
amor feito
ou da
distância
percorrida
cada vez que
a mente
abra as
matas cerradas
do coração
sobre em
nossas
retinas a
imagem
do vôo
(e não do
pássaro)
porque viver
é voar
no abismo
infinito
da pele
e na
distância entre
os poros e a
certeza
que não é
nada
disso
(poeta
gaúcho que hoje faz 57 anos)
quinta-feira, março 20, 2014
POEMAS DO
VENTO
Gastar-se no
tempo
diluir-se no
vento
evolar-se no
sonho
deixando
- haverá
quem o colha? -
um
resíduo...
Memória.
Levarei por
onde ande
uma
inquietação mais nada
impulso
vital que extingo
dentro de um
pouco de lama.
Tal que o
vento que baila
fazendo seu
corpo efêmero
com a poeira
das estradas...
(poeta
paulista nascido a 20 de Março de 1892)
quarta-feira, março 19, 2014
é preciso
viver
É preciso
viver!
Os lençóis
gastos de uma manhã
mal
acordada!
O sonho que
de cedo nos entrou
pela
madrugada!
A flor que
por nós passa
e permanece
parada!
O jardim que
se levanta pela
janela
escancarada!
Viva-se a
chama solta
de
vestimenta!
Viva-se
sem
tormenta!
Viva-se o
corpo e a mente
unos!
A moral
isenta,
os sentidos
limpos
e imunes!
É preciso
viver!
O mar
turbulento quando se chora
sem razão!
O sorriso
rendido quando alguém nos seca
com a mão!
O amor
entregue, sentido e abençoado
pela razão!
A vida que
percebemos e a que sentimos
no coração!
Viva-se a
alma solta
de lamento!
Viva-se
cá dentro!
Viva-se o
corpo e a mente
unidos!
A incerteza
da lógica
entrelaçada
com a dos
sentidos!
Amigos!
É preciso...
viver!
(poeta
almadense que hoje faz 35 anos)
terça-feira, março 18, 2014
segunda-feira, março 17, 2014
domingo, março 16, 2014
Apontamento
Para onde
marcha o mundo? O que vai ser
Do pobre que
nasceu para servir?
- Trocaram o
sorriso pela espada
E é latente
a volúpia de agredir!
O que é que
os homens querem mais ainda
Além da sua
vil mediocridade?
Incêndios,
sangue, - ó cegos visionários
Sem alma e
sem noção da realidade!
Tambores e
metralhas e clarins
Num cântico
sinistro, sem beleza,
- Embora a
vida seja o hálito da morte,
Uma ilusão
de límpida saudade, -
Deixai
supor, deixai-vos iludir
De que para
viver
Não é
preciso matar
(poeta
abrantino falecido faz hoje 55 anos)
Ao Amor
O que
desejas de mim
nunca o dará
o lampejo de um momento,
a conquista
de um dia da montanha.
Meu corpo -
para ti somente -
deve emergir
a cada gesto 1ímpido
e profundo
deve ser meu futuro
para
reter-te e recriar-te permanente.
Sei que em
mim te estenderás, não mais disperso,
em desejo e
em procura de teu filho
e que todo
movimento de meu ser
será o rumo
de teu universo.
E por isso
temo. No meu sentimento
sofro por
ti. Receio
ser larga a
hesitação de meu caminho,
ser um mito
a conquista da montanha,
ser pobre e
fugaz o meu espaço
na extensão
que reduz teu infinito.
(poetisa
paulista que hoje faria 81 anos)
sábado, março 15, 2014
sexta-feira, março 14, 2014
O baile na
flor
Que belas as
margens do rio possante,
Que ao largo
espumante campeia sem par!...
Ali das
bromélias nas flores doiradas
Há silfos e
fadas, que fazem seu lar...
E, em lindos
cardumes,
Sutis
vaga-lumes
Acendem os
lumes
P'ra o baile
na flor.
E então -
nas arcadas
Das pet'las
doiradas,
Os grilos em
festa
Começam na
orquestra
Febris a
tocar...
E as breves
Falenas
Vão leves,
Serenas,
Em bando
Girando,
Valsando,
Voando
No ar!...
(poeta
baiano nascido a 14 de Março de 1847)
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