domingo, dezembro 02, 2012

Recordar

Lembram botões eléctricos os meus olhos.
Chego os dedos a eles e carrego.
Acendem-se de imagens. Fico cego...
Sinto que as coisas morrem nos teus olhos.

Há entre mim e a Noite um reposteiro.
Pressinto-o no meu ao vê-lo. Ânsia perdida...
Eu próprio às vezes julgo ser ponteiro
No relógio que marca minha Vida.

E vejo a minha infância ser de seda.
Ando com ela ao colo pela alameda
é um eco de mim em idas naves...

Cai-me na cor do Outrora cinza preta.
E sinto o meu passado na gaveta
Da cómoda a que alguém perdeu as chaves.


(Alfredo Guisado faleceu faz hoje 37 anos)

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