sábado, dezembro 15, 2012

PARÂMETRO

Uma tarde amarela noroeste
modo nosso de amar lembrando a estrada,
que passa sempre a leste
de urna tarde espantada,

de uma tarde amarela soterrada
numa caixa de pêssegos, madura,
uma janela madura de bandeiras abertas
para o mar, e frias;

encarcerada pelo verdoengo de pêssegos
e açúcar cristalizado sobre a polpa
dos verdes apanhados na chácara. Setembro.
Ah, setembro, setembro

essa menina e teus jardins sobre a cabeça
castanha e cacheada, numa tarde amarela
de vapores entrando a barra, de sinos
batendo, que reconheço de outra época,

do espanto de outras torres, de outra tarde espantada,
que amarravas no inverno embora outubro:
esse rapaz que atravessa o corporal de pêssegos
de uma tarde amarela,
como se fincasse a cisma de uma lança
no rosto da palavra genial


(poeta catarinense nascido faz hoje 90 anos)

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