domingo, setembro 11, 2011

O Palácio da Ventura

Sonho que sou um cavaleiro andante.
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busca anelante
O palácio encantado da Ventura!

Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante
Na sua pompa e aérea formosura!

Com grandes golpes bato à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos, portas d'ouro, ante meus ais!

Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais!


(Antero de Quental faleceu a 11 de Setembro de 1891)

4 comentários:

jrd disse...

O grande Antero.

As portas da desventura.

Abraço

Flor de Jasmim disse...

O silêncio e escuridão são algo de sofrimento que por vezes faz sofrer nosso coração.
Abraço

Manuel Veiga disse...

grande soneto! grande Poeta.

desventurada morte.

São disse...

Estive há pouquisssimo tempo no sítio onde se suicidou.

Este é um dos seus mais comoventes poemas, para mim.