quinta-feira, junho 17, 2010

Já a luz se apagou

Já a luz se apagou do chão do mundo,
deixei de ser mortal a noite inteira;
ofensa grave a minha, que tentei
misturar-me aos duendes na floresta.
De máscara perfeita, e corpo ausente,
a todos enganei, e ninguém nunca
saberia que ainda permaneço
deste lado do tempo onde sou gente.
Não fora o gesto humano de querer-te
como quem, tendo sede, vê na água
o reflexo da mão que a oferece,
seria folha de árvore ou sério gnomo
absorto no silêncio de uma rima
onde a morte cessasse para sempre.

3 comentários:

mdsol disse...

Isto por aqui anda poético como deve ser!

:)))

jrd disse...

...mas o poema permaneceu aceso.

Mar Arável disse...

Quando as palavras

se tornam um rio que desagua