terça-feira, julho 15, 2008

Desgraças Regressado ao rectângulo na noite do passado Sábado, após duas semanas sem ver telejornais portugueses, poisei num estranho país. Primeiro, ao passar os olhos por um pasquim trambiqueiro chamado Público, cedido gratuitamente pela nossa transportadora, comecei a interrogar-me sobre se não teria havido um golpe de estado, com a usurpação do poder por uma clique de facínoras, tantas eram as malfeitorias do governo e os feitos de tudo o que cheirasse a oposição, nesta se incluindo o PGR que parecia ter ganho a batalha de uma vida sobre o parlamento - ou uma parte dele. No Domingo, o canal público de televisão dedicou 15 minutos do seu jornal da noite a um confronto que ocorreu na Quinta da Fonte, em Camarate, entre moradores de etnia cigana e residentes de origem africana. Não cheguei a perceber o que se passou, pois 15 minutos não terão sido suficientes para os vários intervenientes explicarem o que quer que fosse, a não ser que havia pessoas a abandonar as suas casas com medo. A título de contraste, quando há um ano houve um massacre de 9 crianças em São Paulo, os principais canais brasileiros dedicaram ao assunto não mais de dois minutos por jornal e toda a gente ficou esclarecida sobre o que acontecera. Depois, foi a notícia sobre um assalto à secretaria da maternidade Júlio Dinis, no Porto, como se se tivesse tratado de um golpe de mão às reservas de ouro do Banco de Portugal (pressupondo que há algumas). Não vi ninguém questionar-se sobre os propósitos peregrinos de um assalto a um lugar onde, à partida, o dinheiro não pode abundar. Finalmente, um confronto de bandos na praia da Torre, com a chamada de atenção para um célebre “arrastão” ocorrido no Estoril. Não se viu o que quer que fosse, apenas testemunhos de alguns (muitos) alegadamente presentes. A isto se resumiu o que de importante se passou no país durante o fim de semana. E, nada mais havendo a acrescentar, passou-se a antena ao comentador para vender a banha da cobra. Que tristeza!

2 comentários:

Anónimo disse...

É a triste comunicação social que temos feita por medíocres jornalistas.

Tal imprensa tal país.

jrd disse...

Chama-se a isso chegar na hora certa ao local errado.
Acontece-me muitas vezes