segunda-feira, janeiro 14, 2008

Ficaram-me as penas O pássaro fugiu, ficaram-me as penas da sua asa, nas mãos encantadas. Mas, que é a vida, afinal? Um vôo, apenas. Uma lembrança e outros pequenos nadas. Passou o vento mau, entre açucenas, deixou-me só corolas arrancadas... Despedem-se de mim glórias terrenas. Fica-me aos pés a poeira das estradas. A água correu veloz, fica-me a espuma. Só o tempo não me deixa coisa alguma até que da própria alma me despoje! Desfolhados os últimos segredos, quero agarrar a vida, que me foge, vão-se-me as horas pelos vãos dos dedos. Cassiano Ricardo* *poeta, ensaísta e jornalista brasileiro

3 comentários:

hfm disse...

Há quanto tempo não lia Cassiano e como gostei de o encontrar aqui.

Anónimo disse...

Muito interessante!
Gostei muito!
Ab

lino disse...

Para mim, Cassiano foi uma descoberta muito agradável.

Abraço aos dois.