segunda-feira, fevereiro 15, 2016

Maquinomem

O homem esposou a máquina
e gerou um híbrido estranho:
um cronômetro no peito
e um dínamo no crânio.
As hemácias de seu sangue
são redondos algarismos.

Crescem cactos estatísticos
em seus abstratos jardins.

Exato planejamento,
a vida do maquinomem.
Trepidam as engrenagens
no esforço das realizações.

Em seu íntimo ignorado,
há uma estranha prisioneira,
cujos gritos estremecem
a metálica estrutura;
há reflexos flamejantes
de uma luz imponderável
que perturbam a frieza
do blindado maquinomem.


(poetisa paranaense falecida faz hoje 12 anos)

2 comentários:

Justine disse...

Um retrato de alguns - muitos - homens, nestes tempos de desumanização...
Poema muito interessante!
(e gostei da "cara lavada" do blogue, em verde pré-primaveril :-)))) )

Flor de Jasmim disse...

Não conhecia!
Obrigado pela partilha.

Boa semana e um beijinho.