sexta-feira, fevereiro 19, 2016

Amostra sem valor

Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
com ele se entretém
e se julga intangível.

Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.

Eu sei que as dimensões impiedosos da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.


(Rómulo Vasco da Gama de Carvalho faleceu faz hoje 19 anos)

1 comentário:

Flor de Jasmim disse...

Um poema que gosto muito!

As minhas desculpas pela minha ausência um pouco forçada.

Bom fim de semana lino e um beijinho.

Adélia