quarta-feira, fevereiro 03, 2016

A Esmo

Eles não sabem o que fazem:
mas eu fico aqui
sem saber sobre o rumo
sem conhecer a saída
e apalpo o vazio que intriga
e um peso morto nos braços.

Vida dentro da vida, tão lógica
como o encaixe da peça
e sua engrenagem de inferno
que mói, que reduz, que incorpora.

Nós somos assim - morrendo de medo.

E encenamos que sabemos que fingimos
sem faixa de pedestre, enquanto se aproxima
o muro.

Nós somos. A esmo.

A luz que sobe agora é de mentira?
O sangue que percorre é de verdade?
Nasce um sol à minha frente, que arrisca
uma viagem suicida, algo que segue
e morre à tarde, e ficamos
em susto e contemplação.
Onde está todo o clarão? Onde está a coragem
que me queimou toda a vida?

Assim mesmo. De arremedo.


(poeta carioca que hoje faz 53 anos)

1 comentário:

Helenice Priedols disse...

Olá. Bonito poema. Cada vez menos sabemos que direção seguir, o futuro nos encolhe a coragem.

Abraço.

Paz e Luz