sexta-feira, setembro 11, 2015

Nihil

Homem! Homem! Mendigo do Infinito!
Abres a boca e estendes os teus braços
A ver se os astros caem dos espaços
A encher o vácuo imenso do finito!

Porque sobes à rocha de granito?
Porque é que dás no ar tantos abraços?
E cuidas amarrar com férreos laços
Um reflexo da sombra de um esp’rito?

Vê que o céu, por escárnio, a luz nos lança!
Que, à tua voz, a voz da imensidão
Responde com imensa gargalhada!

A ideia fechou a porta à esp’rança
Quando lhe foi pedir gasalho e pão...
Deixou-a cara a cara com o Nada!...


(Antero de Quental faleceu a 11 de Setembro de 1891)

1 comentário:

jrd disse...

Um poema muito actual.

Abraço