E
agora, povo português?
Nunca
pensei viver para ver isto:
a
liberdade - (e as promessas de liberdade)
restauradas.
Não, na verdade, eu não pensava
-
no negro desespero sem esperança viva -
que
isto acontecesse realmente. Aconteceu.
E
agora, meu general?
Tantos
morreram de opressão ou de amargura,
tantos
se exilaram ou foram exilados,
tantos
viveram um dia-a-dia cínico e magoado,
tantos
se calaram, tantos deixaram de escrever,
tantos
desaprenderam que a liberdade existe -
E
agora, povo português?
Essas
promessas - há que fazer depressa
que
o povo as entenda, creia mais em si mesmo
do
que nelas, porque elas só nele se realizam
e
por ele. Há que, por todos os meios,
abrir
as portas e as janelas cerradas quase cinquenta anos -
E
agora, meu general?
E
tu povo, em nome de quem sempre se falou,
ouvir-se-á
a tua voz firme por sobre os clamores
com
que saúdas as promessas de liberdade ?
Tomarás
nas tuas mãos, com serenidade e coragem,
aquilo
que, numa hora única, te prometem ?
E
agora, povo português?
Jorge de Sena
1 comentário:
Como eu gostava que o povo português soubesse responder.
Abraço
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