domingo, fevereiro 19, 2012

Desencontro

Que língua estrangeira é esta
que me roça a flor do ouvido,
um vozear sem sentido
que nenhum sentido empresta?
Sussurro de vago tom,
reminiscência de esfinge,
voz que se julga, ou se finge
sentindo, e é apenas som.

Contracenamos por gestos,
por sorrisos, por olhares,
rodeios protocolares,
cumprimentos indigestos,
firmes aperto de mão,
passeio de braço dado,
mas por som articulado,
por palavras, isso não.
Antes morrer atolado
na mais negra solidão.


(Rómulo Vasco da Gama de Carvalho faleceu há 15 anos)

3 comentários:

São disse...

Gosto imenso de Gedeão: paz à sua alma!


Não gosto é de tentar quatro vezes escrever duas palavras surrealistas...

Fique bem

Justine disse...

E continua a ser um dos grandes poetas da língua portuguesa!

cafc disse...

Meu caro lino
Que me seja permitida a recordação de dois nos nossos maiores que já partiram mas, estarão sempre presentes nos nossos corações:
http://www.youtube.com/watch?v=a-XMuSaXtBc
Um grande abraço.
Carlos