quinta-feira, fevereiro 23, 2012

A cabeça em ambulância

Há feridas cíclicas há violentos voos
dentro de câmaras de ar curvas
feridas que se pensam de noite
e rebentam pela manhã

ou que de noite se abrem
e pela amanhã são pensadas
com todos os pensamentos
que os órgãos são hábeis
em inventar como pensos

ligaduras capacetes
sacramentos
com que se prende a cabeça
quando ela se nos afasta

quando ela nos pressente
em síncope ou desnudamento
ou num erro mais espaçoso
ou numa letra mais muda
ou na sala de tortura
na sala escura,de infância


(poetisa lisboeta falecida a 23 de Fevereiro de 1989)

2 comentários:

São disse...

Que a Luiza repouse em paz.

Boa noite

Flor de Jasmim disse...

lino não conhecia.

Beijinho e uma flor