quinta-feira, dezembro 29, 2011

Centenário

Retrato de Alves Redol

Porém se por alguém não foi ninguém
cantou e disse  flor  canção  amigo
a si o deve. A si e mais a quem
floriu  cresceu  cantou  lutou consigo.

Homem que vive só não vive bem
morto que morre só é negativo
morrer é separar-se de ninguém
e contudo  com todos  ficar vivo.

Nado-vivo da morte. É isso. É isso.
Uma espécie de forno de bigorna
de corpo imorredoiro que transforma
em fusão o metal do compromisso:
Forjar o conteúdo pela forma:
marrar até morrer.  E dar por isso.

Ary dos Santos

(Alves Redol nasceu a 29 de Dezembro de 1911)

5 comentários:

jrd disse...

Grande escritor. Um dos nossos maiores.

Abraço

Manuel Veiga disse...

vale a pena conhecér as iniciativas do Museu do Neorealismo (V.F. de Xira) em colaboração com a Faculdade de Letras (UCL) sobre o Centenário

abraço

São disse...

Alves Redol é um dos nossos bons escritores e de quem conheço bem a obra.

Bom final de ano

O Puma disse...

Boa memória

Abraço amigo

Justine disse...

A força incontrolável das palavras sentidas!