quarta-feira, março 11, 2009

Vestido de Armani e Confiança
O nata cá do burgo acha que fica bem dizer que não gosta de futebol, apesar de eu estar disposto a apostar, dobrado contra singelo, que a maioria dela, a cada jogo transmitido pela televisão, se senta no sofá a roer as unhas e a soltar impropérios perante tudo o que corre mal ao seu clube do coração. Pela minha parte, que nunca roí as unhas e não faço parte do escol (apesar de muitos conhecidos, pelo que me ouvem e porque sabem o que eu sei, jurarem a pés juntos que sou mais culto que grande parte dos integrantes da fina flor), não tenho pejo em afirmar que gosto de futebol. Não de qualquer jogo, mas de uma partida bem jogada, sem recurso a violência desmedida, com os participantes a darem o litro até ao apito final, com o árbitro a apitar estritamente o necessário e os treinadores a saberem ler o jogo. Naturalmente, gosto de vários outros desportos, quando praticados por actores de qualidade. De um contra-relógio individual ou de uma subida de montanha no ciclismo, de um jogo do torneio das nações no râguebi, de uma partida de basquetebol da NBA, de hóquei em patins, de hóquei no gelo, de várias modalidades de atletismo, patinagem e natação, e até da belíssima dança dos pés dos pugilistas profissionais, principalmente dos super-pesados. Infelizmente, tenho poucas oportunidades de ver bom desporto, porque não estou disposto a pagar as mensalidades dos canais desportivos da Cabo, pelo menos enquanto estiver no activo. Hoje deu-me para falar de futebol, a propósito do jogo do dia, que se desenrolará em Manchester, apesar de não o poder ver. Dos intervenientes no activo, há dois que merecem a minha consideração: um - o Luís Figo - pelo modo recatado como soube gerir a sua carreira excepcional e outro – o José Mourinho – pela sua qualidade e irreverência. Pode ser que um dia, se vier a ganhar juízo, o puto da Madeira venha a fazer parte da lista. Tempos houve em que julgava o José Mourinho arrogante, e tinha de fazer das tripas coração para lhe reconhecer razão quando trabalhava para o Pinto da Costa. Depois foi para o estrangeiro e, longe das lutas caseiras, deu para perceber que a aparente arrogância era algo de especial, de muito positivo. Pois o José Mourinho foi hoje notícia de relevo naquele que é o diário dos bem pensantes de Nova Iorque e, provavelmente, o jornal mais reputado do mundo, com três chamadas na primeira página da versão digital do jornal e três artigos do respectivo produtor do desporto: um relativamente extenso e encomiástico artigo intitulado Um Treinador Vestido de Armani e Confiança, uma extensa entrevista ao “Special One”, José Mourinho, e uma curta nota sobe o boneco que o imita no “Special 1 TV”, transmitido por um canal por cabo inglês. Eu gostei do que li.

1 comentário:

jrd disse...

Pois eu sempre gostei de futebol (bem jogado).
Mourinho e o Madeirense são bons no que fazem, mas não gosto dos "estilos" de ambos fora do campo,acho mesmo que um peca por excesso e o outro por defeito...